24 de abril de 2014 - 14h01
Mais de 80% dos idosos do Alto Minho têm peso a mais, segundo os primeiros resultados de um estudo à condição de saúde e atividade física desenvolvido por investigadores do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).
Trata-se da primeira fase do projeto "Estado de Saúde e Atividade Física da População Idosa", concretizado por investigadores da Escola Superior de Desporto e Lazer de Melgaço do IPVC e que envolve um grupo de estudo de 1.060 pessoas com mais de 70 anos, residentes nos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo.
De acordo com estes resultados iniciais, descritos hoje à Lusa pelos autores, conclui-se que cerca de 83% da população idosa do distrito, com base no grupo estudado, "está com excesso de peso ou obesidade", enquanto 17% apresenta um Índice da Massa Corporal (IMC) considerado "normal".
Segundo Pedro Bezerra, coordenador da Licenciatura em Desporto e Lazer e investigador principal deste estudo, o problema atinge mais as mulheres, cerca de 75,8% de prevalência, do que os homens (44%), mas ambos os grupos apresentam risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Os resultados refletem apenas o primeiro de quatro elementos que os investigadores pretendem observar, no tempo, entre as alterações de saúde e as relações entre marcadores biológicos, aptidão física e autoperceção do estado de saúde na terceira idade.
O projeto está a ser desenvolvido em parceria com técnicos da Unidade Local de Saúde do Alto Minho e permitirá criar uma base de dados na área da terceira idade.
De acordo com os autores, a situação (excesso de peso) dos idosos dos concelhos de Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez causa "alguma preocupação". Já os de Viana do Castelo, Paredes de Coura, Melgaço, Vila Nova de Cerveira e Valença envolvidos no estudo apresentam menor número de casos de peso a mais.

"Há uma preocupação nossa, relativamente aos indicadores de saúde dos idosos do Alto Minho, que já fizemos chegar às respetivas câmaras municipais", apontou Pedro Bezerra.
A organização de atividades com os idosos, ainda segundo o investigador, pode, contudo, "ajudar" na resolução do problema.
"Não tem que ser só atividade física, basta atividades sociais e de integração que já os obriga a sair e a movimentarem-se. Tendo uma atividade regular seria melhor", explicou.
Esta primeira fase do estudo decorreu entre setembro e dezembro de 2013 e incluiu a realização de testes, questionários e análises sanguíneas ao grupo avaliado. Permitiu também concluir que os idosos institucionalizados apresentam, por norma, um IMC inferior ao dos que estão inseridos na restante comunidade.
A próxima fase do estudo será divulgada no final do verão de 2014, neste caso "com resultados por faixas etárias já com maiores evidências".
Até porque, esclareceu o investigador, "terão variáveis associadas ao facto de haver maior atividade física na altura das estações mais quentes e com maior presença de sol".
Este estudo arrancou em 2013 e só deverá terminar em 2015, contando para o efeito com um financiamento de 200 mil euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Lusa