Segundo explicou à Lusa o presidente da ANEM, a Ordem dos Médicos decidiu que a prova nacional de acesso à especialidade, que se realiza em novembro, devia ser feita com base na 19.ª edição do livro “Harrison’s Principles of Internal Medicine”, que só esteve disponível este mês.

Ora os estudantes lembram que começaram a estudar para a prova há cerca de seis meses com base na 18.ª edição da mesma obra, que tem alterações significativas, o que “pode ter consequências nefastas na preparação dos estudantes”.

Contactado pela agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos sublinhou que a regra, obrigatória pelo Código Deontológico, é que seja usada na prova a edição mais recente daquela obra.

“Os médicos têm de estar atualizados. Os jovens que vão realizar a prova vão iniciar o seu trabalho como médicos um mês depois de fazerem o exame. A Ordem dos Médicos não pode compactuar com comodidades e não embarcamos em facilitismos. O que esperamos, e o que os estudantes devem fazer, é estudar durante todo o curso de medicina sempre pela bibliografia mais atualizada”, declarou o bastonário José Manuel Silva.

Obra disponível apenas há uma semana

O presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina vinca que “até há uma semana a 19.º edição não estava disponível em Portugal”.

Além disso, Alberto Abreu da Silva refere que a nova bibliografia tem um custo de cerca de 200 euros “que não é comportável para muitos estudantes dado o investimento já feito na bibliografia da edição anterior”.

“Os estudantes usam a bibliografia recomendada para o seu percurso académico. Tendo sido a 18.ª edição uma bibliografia utilizada durante o 6.º ano é coerente que permaneça como a fonte bibliográfica para a prova nacional de aceso”, que será feita por cerca de 1800 estudantes,

A ANEM diz concordar com os argumentos da Ordem dos Médicos sobre a necessidade de atualização científica, mas considera que, neste caso concreto, não está a ser respeitado o esforço, o tempo e o dinheiro investido pelos estudantes.

Uma vez que a Ordem aconselha a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre a bibliografia recomendada, a associação de estudantes recolheu assinaturas para pedir à ACSS que não acolha as recomendações.

Segundo Alberto Abreu da Silva foram conseguidas cerca de duas mil assinaturas que serão entregues hoje na sede da ACSS em Lisboa, pedindo a esta autoridade que defina, até segunda-feira, qual a bibliografia recomendada e exigindo que seja assumida a 18.ª edição do “Harrison’s Principles of Internal Medicine”.