Jovem viveu dois meses enclausurado no próprio corpo. Até conseguir escapar

Quando se apercebeu que Juan não estava bem, a mãe, Margarita Torres, chamou uma ambulância que o levou para um hospital em Oakville, a 30 minutos de Toronto, no Canadá. Os médicos tentaram salvá-lo, mas o caso parecia perdido. "Houve um altura em que nos disseram que ele estava a ir-se embora. 'Digam adeus'", recorda a mãe aos microfones da BBC.

Juan sobreviveu, mas segundo os médicos iria permanecer sob um estado vegetativo irrecuperável. No entanto, Juan estava consciente e podia ouvir tudo o que os médicos diziam. Só não era capaz de comunicar. "Foi terrível. Nem sequer podia chorar", lembra Juan, que acredita que o seu cérebro deixou até de comunicar com as glândulas e vias lacrimais.

Ao contrário de outros pacientes que sofrem da síndrome de encarceramento, Juan não conseguia comunicar nem através do movimento dos olhos. Esteve mais de dois meses.

Margarita conta que era difícil manter o otimismo. Mas um dia, por razões ainda desconhecidas, houve motivos para esperança. "Estava um dia ensolarado. Foi o primeiro dia em que ele saiu do quarto; eu e o meu marido levámo-lo para fora do quarto", conta Margarita. Juan recorda que, sem mais nem menos, conseguiu reagir e rir-se depois de uma piada da mãe. "Ficaram eufóricos, cheios de alegria", diz o jovem.

No seu trabalho de investigação, Adrian Owen, da Universidade de Ontario Ocidental, no Canadá, tenta identificar os pacientes que estão em estado vegetativo e os que estão conscientes, mas incapazes de comunicar. Este neurocientista usa exames de ressonância magnética para analisar o fluxo sanguíneo no cérebro dos pacientes em aparente estado vegetativo. Owen pede-lhes que imaginem que estão a jogar ténis. Se entenderem, o cientista consegue visualizar a funcionalidade do cérebro através do exame.

Segundo o neurocientista, 20% dos pacientes em estado aparentemente vegetativo têm consciência do que acontece à sua volta. Quase quatro anos depois, Juan estuda Ciências Naturais e está a reaprender a caminhar.

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