A Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado vai debater esta semana em Lisboa uma carta de objetivos para os próximos dez anos, defendendo alterações legislativas que permitam a estes doentes trabalhar a tempo parcial ou ter flexibilidade de horário.

A oncologista Fátima Cardoso, presidente da Aliança, explicou à agência Lusa que há muitos doentes com cancro da mama avançado que gostariam de continuar a trabalhar, mas não têm capacidade para o fazer a cem por cento.

“Estes doentes têm períodos em que estão piores ou melhores, mas têm de ter flexibilidade nos horários para ir a tratamentos e a consultas. Muitos precisam de trabalhar com redução de horários e flexibilidade. Mas na grande maioria dos empregos e dos países essa flexibilidade não existe, uma situação que se aplica a Portugal”, indicou a especialista.

Fátima Cardoso dá o exemplo dos professores, que mediante uma clara demonstração de doença avançada deviam poder trabalhar com redução e flexibilidade de horário.

“Continuar a trabalhar tem benefícios financeiros, mas tem também benefícios psicológicos e de bem-estar. Muitos destes doentes estão na sua idade mais produtiva”, recorda a médica, acrescentando que nalguns países nórdicos e na Alemanha essa possibilidade está contemplada na lei do trabalho.

Um dos objetivos traçados na carta que a Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado discute esta semana é também “lutar para que todos os doentes com cancro da mama avançado tenham apoio financeiro para tratamento e diferentes tipos de assistência, caso sejam incapazes de trabalhar”.

Na carta de objetivos é ainda definida a orientação de aumentar a disponibilidade e o acesso a cuidados multidisciplinares incluindo apoio paliativo, de suporte psicossocial e de suporte para doentes, familiares e cuidadores.

Nos objetivos para dez anos na área do cancro da mama avançado, a Aliança Global pretende ainda aumentar a informação do público e dar treino de comunicação a todos os profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros.