De acordo com Alberto Lopes, “está a ser instituído no Centro Hospitalar Cova da Beira, Fundão, um protocolo para permitir o uso da hipnose nos partos”.

“A abordagem psicoprofilática para um parto sem dor com recurso à hipnose tem apresentado resultados interessantíssimos”, sublinhou o especialista.

Em declarações à Lusa, a propósito das jornadas Internacionais de Hipnose Clínica e de Hipnoanálise, que se realizam no próximo fim de semana, no Porto, o presidente da APHCH acrescentou que “o protocolo está a ser instituído para que uma grávida possa de facto fazer um parto natural, feliz, sem recursos a epidural, analgésicos ou anestesia química”.

De acordo com Alberto Lopes, no encontro será também apresentado e discutido um estudo realizado no âmbito das XXIV Jornadas de Terapêutica Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no qual se procurou “quantificar e comparar o efeito analgésico da hipnose e do Remifentanil, em resposta a estímulos dolorosos, utilizando uma escala numérica da dor (END) e potenciais evocados (PE)”.

“Doze voluntários, criteriosamente selecionados, foram submetidos a estimulação elétrica dolorosa no nervo mediano com intensidade variável, quantificando a dor através de END e PE. Repetiu-se o procedimento submetendo os voluntários a doses variáveis de Remifentanil e a duas técnicas de analgesia hipnótica”, disse.

Os investigadores observaram “uma correlação significativa entre doses crescentes de Remifentanil e atenuação da dor. A hipnose permitiu reduzir significativamente a dor e teve mais efeito analgésico para a dor menos intensa. Não houve diferença entre as duas técnicas de hipnose”.

“Pode afirmar-se que a potência analgésica da hipnose tem relevância clínica, uma vez que foi equipotente a doses de Remifentanil que proporcionam analgesia clínica relevante. Pela primeira vez foi possível quantificar o efeito analgésico da hipnose por comparação com um analgésico padrão”, sublinhou Alberto Lopes.

Segundo este responsável, a hipnose tem resultados “muito interessantes” no combate à depressão, ansiedade, adições, como por exemplo o tabaco, e até compulsões alimentares, como a bulimia e a anorexia.

O presidente da APHCH salientou ainda que a hipnose está também a ser aplicada na Unidade da Dor no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

As 2.ªs Jornadas Internacionais de Hipnose Clínica e de Hipnoanálise, que decorrerão sábado e domingo, no Seminário de Vilar, pretendem congregar profissionais em diversas áreas de formação e prática psicoterapêutica, e que têm especial interesse no uso da hipnose clínica e hipnoanálise.

“Estarão presentes reputados oradores de renome mundial como Betty Alice Erickson e Edwin Yager, comummente reconhecidos como verdadeiras autoridades da Hipnose Clínica, titulares de técnicas seguidas por milhares de terapeutas e palestrantes em eventos distribuídos por todo o ano nos cinco continentes, referências incontornáveis neste domínio”, afirmou Alberto Lopes.

Especialistas das neurociências de âmbito nacional e internacional apresentarão também os resultados das suas observações no campo médico, bem como o resultado de estudos clínicos e experiências no campo da psicologia e da psicoterapia que promovem as potencialidades terapêuticas das técnicas de hipnose clínica e hipnoanálise.

De acordo com a organização, o principal objetivo deste simpósio será o de apresentar uma proposta de trabalho, reflexão e debate a partir de trabalhos de investigação teórica, e introdução clínica da hipnose, aplicados ao campo da saúde em diversas áreas.

“Procura-se elucidar assim conceitos chave do transe e desmistificar alguns pressupostos erróneos, assim como dar a conhecer os mais recentes trabalhos teórico-práticos em diversas áreas da saúde, tal como a natureza interdisciplinar do campo de aplicações da hipnose”, esclarece.