O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que falava à agência a propósito dos 10 anos do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), assinalados esta semana, disse que "há ainda muito a fazer" na adaptação, apesar de haver uma estratégia nacional.

Na adaptação às alterações climáticas, apontou, trata-se de "tentar minimizar os seus efeitos adversos e também tentar potenciar algumas oportunidades que estas mudanças trazem", existindo já um trabalho de desenvolvimento de estratégias municipais, em 26 concelhos a participar no projeto Climadapt.

"Agora é preciso dar especial atenção aos recursos hídricos, uma vez que, em Portugal, já se notam as alterações climáticas a nível de menor precipitação média anual", avançou Filipe Duarte Santos.

Para o especialista, "é preciso adaptar os recursos hídricos, a agricultura e as florestas a esta mudança", sendo a área que merece mais atenção a região interior sul do país, o Alentejo, mas também Trás-os-Montes e beiras interiores.

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"Os agricultores têm toda a vantagem em ter em conta que estamos perante uma mudança do clima e que as suas práticas podem adaptar-se a um clima mais quente e mais seco", especificou.

Nas florestas, o tempo mais seco e quente aumenta o risco de fogos e nas zonas costeiras, a preocupação deve-se à subida do nível médio do mar.

Esta subida, segundo Filipe Duarte Santos, "já foi de 20 centímetros, mas que projeta-se ser de um metro até ao final do século, um processo praticamente irreversível".

A área da saúde humana também foi listada pelo investigador já que ondas de calor mais frequentes podem aumentar o risco de doenças transmitidas por vetores.