“Há uma série de razões que leva a que o tratamento destes doentes seja difícil. Uma percentagem apreciável destes é toxicodependente, o que dificulta a adesão às consultas, sofrem, por vezes, de doenças psiquiátricas e vivem, nalgumas situações, em condições sociais difíceis”, referiu Francisco Antunes, que falou a propósito de um encontro que se realiza quinta e sexta-feira, no Porto, no âmbito do qual abordará o tema “Qual a posição do médico face a restrições”.

O especialista em doenças infeciosas do Instituto de Saúde Ambiental considera por isso que “os responsáveis médicos na gestão desta patologia deveriam criar unidades de excelência para tratar estes doentes”.

Estas unidades deveriam integrar especialistas em doenças infeciosas que “sabem lidar muito bem com a terapêutica antivírica”, hepatologistas, profissionais de psicologia e de serviço social, entre outros, considerou.

Sobre os elevados custos dos novos medicamentos para a hepatite C, o especialista defende que, esses custos, “têm que ser negociados entre as entidades governamentais e a indústria farmacêutica” salientando que a nova terapêutica é “abrangente, bem tolerada e com uma eficácia que ultrapassa os 90 por cento”.

“É preciso fazer ver às entidades responsáveis pelo pagamento destes medicamentos, que está aprovado, mas não está comparticipado, que a repercussão imediata do tratamento é a doença não evoluir para doenças mais complexas e de difícil tratamento, que podem levar à necessidade de transplante de fígado. Estamos a falar de uma doença que pode ser erradicada”, frisou.

Francisco Antunes irá abordar este assunto no “6º Encontro Nacional da Clínica de Ambulatório VIH/Hospitais de Dia” que se realiza quinta e sexta-feira, no Porto.