Presente no quarto fórum sobre amianto, que decorreu no Instituto Superior de Línguas e Administração, em Vila Nova de Gaia, o médico alertou ainda para o facto de as doenças derivadas da exposição a esta substância poderem demorar entre "30 e 40 anos" a desenvolverem-se.

"Após a inalação das partículas, há uma série de transformações que, a longo prazo, podem levar ao aparecimento de várias doenças. Duas delas são fatais: o mesotelioma, que é um tumor das células da pleura, e o carcinoma broncogénico", explicou, no final da sua intervenção, à agência Lusa.

Quanto à segunda, o risco de incidência aumenta de forma considerável no caso dos fumadores. "A possibilidade de as pessoas expostas contraírem a doença quando são fumadoras é 50 vezes maior, porque as fibras de amianto, que se alojam nos alvéolos, transportam consigo o tabaco", justificou.

A exposição a esta substância pode ainda provocar uma outra doença que, mesmo não sendo letal, pode ser altamente incapacitante - a asbestose. "Neste caso, há um depósito de amianto nos pulmões. Não agride tanto mas causa muitas dificuldades, até a caminhar", elucidou.

Ainda assim, o especialista deixou um alerta: "Nas escolas, por exemplo, as crianças só estão expostas ao amianto se as telhas estiverem degradadas",

O mesmo aviso foi feito por José Costa Tavares, da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS). "É preciso perceber que é importante preservar o amianto que está em condições. Desde que haja a manutenção devida, não há qualquer risco", afirmou, vincando que o amianto contido nas telhas está, regra geral, "encapsulado", sendo, por isso, seguro.