Dinamizada pela Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Abrantes, a iniciativa arrancou com 36 crianças e jovens inscritos, com idades compreendidas entre os quatro e os 17 anos, procurando "despertá-los para valores fundamentais como a dádiva e a ajuda ao próximo, o espírito solidário, o voluntariado".

Valter Lopes, coordenador da ECIA, explicou à Lusa que o objetivo do projeto "é motivar e sensibilizar os jovens para a carreira de bombeiros, ensinando-lhes algumas questões básicas como as vozes de comando, o firme sentido e o estarem alinhadas".

"Foi criado um dossiê técnico-pedagógico adequado às idades das respetivas turmas e às temáticas relativas a proteção civil, como o suporte básico de vida, como usar um extintor, o que fazer em caso de sismo ou terramoto e toda a panóplia de temas associados aos bombeiros, sem a componente operacional, por razões legais e de segurança", destacou.

"Depois, aliado a estes valores e noções, e consoante as idades, estamos a ensinar medidas de prevenção de socorro, de suporte de vida, o que fazer numa situação de incêndio, por exemplo, conhecimentos que podem também transmitir aos mais velhos", acrescentou o responsável.

No seu entender, é através dos mais novos que se consegue mudar a cultura de prevenção e de segurança.

O comandante da corporação, António Jesus, disse à Lusa ser um requisito para a frequência na Escola de Bombeiros "o bom aproveitamento escolar".

Inicialmente, contou, os interessados nestes ensinamentos "começaram a aparecer pela vontade dos próprios bombeiros, enquanto familiares dos jovens". Estes casos representam cerca de 40% do total dos inscritos.

Desse ponto de partida até surgir a ideia de alargar a oferta à comunidade e abrir uma escola de formação foi um pequeno passo, contando a Escola de Cadetes e Infantes com o apoio de uma equipa de 24 bombeiros profissionais que se voluntariaram para trabalhar com estas crianças, todos os sábados à tarde.

O comandante lembrou que a ECIA surgiu de "um sonho antigo de um bombeiro" que fez uma proposta à direção da associação e ao comando, à semelhança de outras iniciativas semelhantes existentes no país.

"Tem sido muito gratificante, por um lado, ver o envolvimento dos bombeiros mais velhos e depois ver a alegria destas crianças. Quando passam por mim olham-me de lado, daquela forma inocente, como quem diz ‘este é que é o mau da fita’, reconhecendo em mim a figura de comandante dos mais velhos", observou, divertido.

Os alunos estão distribuídos por quatro turmas – três de infantes e uma de cadetes -, distribuídos consoante as idades.

Íris e Mariana Fernandes, de cinco e oito anos, com familiares na corporação de bombeiros, destacaram à Lusa a "alegria de aprender, de trabalhar e de vestir uma farda".

Débora Neves e Adriana Cruz, de 15 e 17 anos, por sua vez, sublinharam a "alegria em ajudar os outros e o contacto com a natureza", a par dos "ensinamentos úteis e interessantes para o futuro".

O presidente da direção da associação humanitária, João Furtado, referiu que "a procura superou as melhores expectativas" e que já existe uma nova lista de crianças que querem integrar este projeto.

Segundo o responsável, "o mais importante mesmo, para além do futuro da corporação a médio e longo prazo, é esta aproximação à comunidade, proporcionando aos mais jovens ensinamentos e comportamentos para o presente e para o futuro".