"Se excluirmos a guerra e alguns acontecimentos políticos internacionais muito complexos, este é o problema mais importante da nossa sociedade. A Europa é o continente mais envelhecido do mundo, mas felizmente também é dos mais ricos e dos mais instruídos", disse Manuel Villaverde Cabral, à margem do 5.º Congresso Regional Envelhecimento Ativo e Saudável, uma iniciativa do consórcio Ageing@Coimbra.

Villaverde Cabral, que no âmbito do congresso apresentou hoje dados do inquérito SHARE - um projeto internacional por si coordenado, cujas conclusões foram divulgadas em 2016 e que compara o envelhecimento populacional de Lisboa com o da população portuguesa e a média de 16 países europeus - frisou que, salvo a ocorrência de um cataclismo como uma guerra nuclear, "o envelhecimento não vai andar para trás e, por todas as razões, quer-se que as pessoas vivam o mais tempo possível mas vivam bem, com qualidade de vida".

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De entre os dados hoje recordados, está um que situa Portugal na ‘cauda' da Europa no que concerne, especificamente, à adoção de práticas de envelhecimento ativo: "Lisboa está perto da média europeia, mas o conjunto do território português está muito abaixo de metade da média europeia, Portugal é o mais baixo de longe da Europa", sustentou o investigador.

Falta de qualidade de vida na velhice

Também por isso, iniciativas como as desenvolvidas pelo consórcio Ageing@Coimbra - formado há cinco anos e coordenado pela Universidade de Coimbra numa parceria institucional com a Câmara Municipal de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a Administração Regional de Saúde do Centro e o Instituto Pedro Nunes - são, para Villaverde Cabral, uma forma de "encorajamento" de boas práticas no envelhecimento ativo.

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"É bom que as gerações atuais tenham consciência deste problema e acho que têm. As práticas sociais das gerações mais novas já são mais favoráveis [a um envelhecimento ativo saudável]", considerou.

Já Manuel Teixeira Veríssimo, especialista de Medicina Interna do CHUC e coordenador do Ageing@ Coimbra, considerou que o trabalho em rede liderado pelo consórcio "está no bom caminho" para contrariar os indicadores negativos suscitados no estudo de Manuel Villaverde Cabral.

"É precisamente para contrariar o que temos de mau. Nós, em Portugal, já temos grande longevidade, mas ainda não temos qualidade de vida quando chegamos a velhos", observou.

Manuel Teixeira Veríssimo adiantou que o "objetivo final" do programa é o de "manter a funcionalidade física e mental dos idosos", mas alertou que a maneira de o atingir "pode não ser igual para todos".

"Depende do nível social, do nível cultural, até do nível físico das pessoas. E há que adaptar os instrumentos à população, sendo ela de Coimbra ou sendo ela do interior do país", frisou.