“Estamos a exigir a admissão de mais enfermeiros uma vez que 80 [da bolsa de contratação recentemente aberta] não são suficientes porque são necessários 462”, disse à Lusa o sindicalista Nuno Manjua à porta do Hospital de Portimão acrescentando que o sindicato quer a discussão de um plano de admissões com o Centro Hospitalar do Algarve.

De acordo com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), no Hospital de Portimão a greve teve uma adesão de 84% durante o turno da noite e uma adesão de 80% durante a manhã de hoje.

A greve tem objetivos nacionais e institucionais, ou seja, tem reivindicações diretas para o Governo e para o Ministério da Saúde e algumas para a administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA).

O SEP considera que o Governo esgotou os argumentos pelos quais não atribuía o horário de 35 horas de trabalho semanal aos enfermeiros quando houve o anúncio de que não ia ter sanções da União Europeia e defende que é tempo de reiniciar as negociações. O sindicato exige ainda a reabertura das negociações das 35 horas nos contratos individuais de trabalho (CIT), que abrangem nove mil profissionais.

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No caso do Centro Hospitalar do Algarve, os enfermeiros apontam falta de coerência quando a administração alega que não assume as 35 horas de trabalho para não interferir com as negociações a nível central e lança um concurso de 40 horas semanais para 80 enfermeiros.

“Ficámos incrédulos. Como é que um Governo repõe na Administração Pública o horário de 35 horas e depois um conselho de administração decide que os próximos enfermeiros a contratar será por 40 horas, ou seja, quem diz que não quer decidir, está a decidir”, comentou Nuno Manjua.

A estas reivindicações soma-se ainda o pedido de harmonização da forma de pagamento das horas extraordinárias em todos os serviços do CHA.

A greve foi marcada para o Hospital de Portimão para hoje e amanhã e nos dias 11 e 12 vai decorrer no Hospital de Faro, ambos geridos integrados no CHA.

Hoje, os enfermeiros estão concentrados à porta do Hospital de Portimão dando conta do seu descontentamento à direção daquele serviço de saúde e aos utentes que estão a receber folhetos informativos.

Esta quarta-feira, 10 de agosto, os enfermeiros vão construir um mural de mensagens no muro do Hospital de Faro que vai ter mensagens dos enfermeiros da região para os utentes e para o conselho de administração do CHA.

“Não pode cada serviço decidir que umas horas são pagas em tempo, as outras em dinheiro. Há serviços que ainda não sabem”, contou o sindicalista que defende uma harmonização.

Nuno Manjua explicou que, a 11 de agosto, os enfermeiros vão entregar ao conselho de administração do CHA requerimentos solicitando a passagem das 40 horas semanais de trabalho para as 35 e o cumprimento dos horários laborais estipulados.