11 de novembro de 2013 - 09h30
Duas dezenas de enfermeiros das Caldas da Rainha uniram-se para, em regime de voluntariado, proporcionarem a 600 alunos do ensino básico ensinamentos sobre como prestar suporte básico de vida em casos de emergência.
A ideia partiu de Nuno Pedro, enfermeiro de emergência pré-hospitalar, que desafiou os colegas a iniciar um projeto que considera pioneiro em Portugal e que consiste em levar às escolas básicas da cidade das Caldas da Rainha uma formação em suporte básico de vida (SBV).
Vinte enfermeiros responderam ao repto e aderiram à iniciativa que, na quinta-feira, teve início na escola básica de Santo Onofre, onde 18 alunos do 4.º ano de escolaridade ouviram os ensinamentos das enfermeiras Ana Fragoso e Mafalda Vala.
“Imaginem que entravam na sala de aula e encontravam a professora deitada no chão”, desafiou a primeira, recebendo, mesmo antes de qualquer pergunta, a pronta resposta da turma: “chamávamos o 112”.
Resposta certa, confirmaram as enfermeiras. Mas, duas horas depois, cada uma das crianças tinha ficado a saber muito mais sobre que dados transmitir aos operadores do 112, cuidados de segurança para se aproximarem das vítimas e, sobretudo, como agir se a vítima se encontrar inconsciente ou como tentar a reanimação em caso de paragem cardiorrespiratória.
Instituições internacionais, como o European Resuscitation Council (ERC), American Heart Association (AHA), ou nacionais, como o Instituto de Emergência Médica (INEM) e o Conselho Português de Ressuscitação, “preconizam que estes ensinamentos deveriam ser proporcionados a toda a população”, lembrou Nuno Pedro.

Ao contrário de países como a Alemanha, Inglaterra, Noruega e Estado Unidos da América, “que há muitos anos têm estas formações nos currículos escolares”, em Portugal “desconhecemos que exista qualquer formação para estas idades, o que nos motivou a iniciar um caminho formativo”, afirmou o enfermeiro promotor da iniciativa.
A adesão dos enfermeiro ao projeto encontrou na autarquia das Caldas da Rainha um entusiástico parceiro que “respondeu ao pedido de apoios com uma proposta para alargar a formação a todos os alunos do 4.º ano do ensino básico do concelho”, ou seja, cerca de 600 alunos vão, “não apenas aprender, mas também sensibilizar pais e familiares para esta pratica, que pode ajudar a salvar uma vida”, sublinhou Nuno Pedro.
A desenvolver o projeto em regime de voluntariado, os enfermeiros contam com o apoio da autarquia, da SALVAR - Associação Cívica do Oeste, da Liga dos Amigos do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) e da Fundação Portuguesa de Cardiologia.
Protocolos firmados com os agrupamentos escolares do concelho vão possibilitar a formação de alunos do quarto ano do primeiro ciclo durante um período de três anos mas, se se cumprir a vontade dos promotores e aumentarem os apoios, o projeto pode ser alargado aos alunos do 9.º ano, com uma formação mais abrangente e, posteriormente até ao 12.º.
Para isso, Nuno Pedro sublinhou ser necessário “muito material e muita disponibilidade pessoal” dos profissionais, que diariamente dedicam duas horas para levar a formação às escolas.
Mesmo não esperando que as crianças “façam o SBV como um adulto”, basta aos enfermeiros acreditar que se os mais pequenos “retiverem o que aprenderam e um dia ajudarem a salvar uma vida, já terá valido a pena” o esforço, disse o mentor do projeto.

Lusa