O presidente do sindicato, José Carlos Martins, acusou o governo de ter poupado os últimos anos cerca de 190 milhões de euros à custa dos enfermeiros, nomeadamente com o aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais, com os cortes nas horas de penosidade, bem como através do congelamento de escalões.

Em conferência de imprensa, esta segunda-feira em Lisboa, os enfermeiros reconheceram que tem havido “um volume razoável” de enfermeiros admitidos, mas lembram que continua a ser insuficiente para as necessidades.

“Contudo alertamos que uma coisa é cerca de 700 admissões de enfermeiros desde janeiro. Mas isso não significa um aumento de 700 efetivos. Porque apesar destas entradas, também tem havido saídas, sobretudo por imigração e também por aposentação”, referiu José Carlos Martins.

O SEP admite que além destes 700 novos contratados, há um concurso para mil vagas nos cuidados de saúde primários, mas os sindicalistas lembram que estes procedimentos concursais são demorados e que estes profissionais levam mais de um ano a começar funções.

“É necessário descongelar um maior volume de admissões porque os concursos são muito demorados”, sublinhou o presidente do SEP que considera que faltam no país 25 mil enfermeiros.

Além de mais recursos humanos, o Sindicato insiste na necessidade de valorizar a profissão que tem sofrido vários constrangimentos aos longo dos últimos anos, como congelamento das progressões, corte nos salários, nas horas extraordinárias e nas horas penosas.

Segundo o SEP, metade dos enfermeiros sofre de exaustão física e psíquica e também mais de metade afirma que o seu ambiente de trabalho é mau.

“Há vários estudos que demonstram que se houver número de enfermeiros ajustados às necessidades se reduzem em 30% as infeções hospitalares, reduz-se brutalmente o número de quedas, as mortes e os internamentos. Se houver o número de enfermeiros suficiente, o Estado poupa milhares de euros”, afirmou José Carlos Martins aos jornalistas.

O presidente do SEP diz que foram apresentadas propostas de valorização profissional ao Ministério da Saúde que até ao momento não terá apresentado as suas contrapropostas.