Helena Jorge, da direção regional de Santarém do Sindicato dos Enfermeiros, referiu à Lusa que, passado um ano de “tréguas” dadas à nova administração do CHMT, os enfermeiros estão “revoltados” com a ausência de medidas que corrijam situações que estão a levar ao “aumento do absentismo e dos acidentes de trabalho”.

A sindicalista afirmou que, além de estarem revoltados com o horário de 40 horas imposto à classe, os enfermeiros queixam-se do número insuficiente de profissionais, do não cumprimento dos horários, da mobilização entre as três unidades que integram o CHMT (Torres Novas, Tomar e Abrantes) e do não pagamento de horas extraordinárias.

“Há muita coação, muito assédio moral. Já chega de tanta falta de respeito”, disse, adiantando que as situações que estão a gerar o descontentamento dos enfermeiros vão ser expostas ao ministro da Saúde, uma vez que a administração do CHMT não respondeu aos pedidos de reunião feitos pelo sindicato.

“Após a tomada de posse, há um ano, o sindicato suspendeu o pré-aviso de greve porque foram assumidos uma série de compromissos. Até hoje, nem um foi cumprido”, afirmou.

Sindicato fala em coação

Helena Jorge afirmou que os enfermeiros são “coagidos”, nomeadamente com ameaças de serem mudados para outra unidade do CHMT, se recusarem os horários propostos, e acusou a administração de não pagar as horas a mais - quando os enfermeiros acompanham doentes em deslocações a hospitais em Lisboa, por exemplo -, existindo documentos em que foi escrito “pagamento não autorizado”.

A “má gestão na organização” está a gerar “níveis de absentismo elevadíssimos” e a aumentar os acidentes de trabalho, não existindo a segurança necessária a uma boa prestação de cuidados, declarou.

“A situação nas Urgências de Abrantes é caótica”, disse, afirmando que a reabertura do serviço de Medicina Interna no Hospital de Torres Novas vai agravar ainda mais a situação de carência de profissionais.

Questionado pela Lusa, o conselho de administração do CHMT afirmou não ter recebido até ao momento “qualquer informação oficial relativa a marcação de uma eventual greve de enfermeiros, razão pela qual não efetua, neste momento, qualquer comentário”.