1 de setembro de 2014 - 16h48

O serviço de gastrenterologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa, está “em rutura” por falta de enfermeiros, denunciou hoje em comunicado o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Neste mês, explica o sindicato, o serviço, com 21 camas/doentes, fica assegurado por apenas seis enfermeiros, “devido à gravíssima carência de profissionais, agravada pelas férias e licença de casamento previstas na equipa”.

Porque os enfermeiros “não conseguem dar resposta às necessidades dos utentes e das suas famílias” o “serviço entra em rutura”, diz o SEP.

E explica que é uma situação que resulta da desvalorização profissional, salarial e das carreiras profissionais, que tem provocado a desmotivação nos trabalhadores da saúde, “o que leva a que muitos deles emigrem ou se transfiram para o setor privado”.

“Os últimos Governos, numa clara linha de desinvestimento dos serviços públicos, têm dificultado a admissão de trabalhadores na Administração Pública o que tem agravado a carência de enfermeiros com a não substituição das saídas, provocando dotações não seguras nos serviços”, afirma-se no comunicado.

Segundo as contas do SEP, nos últimos dois anos saíram 179 enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Norte, aos quais se somam mais 30 que saíram nos últimos meses. Com a saída de mais de 200 enfermeiros é insuficiente a anunciada contratação de 75 profissionais, frisa o sindicato, que exige a contratação de enfermeiros em número adequado às necessidades.

Na última sexta-feira o bastonário dos enfermeiros, Germano Couto, já tinha alertado para a situação de rutura a que chegaram muitos serviços de saúde por falta de enfermeiros, revelando que a Ordem deverá avançar com um processo judicial contra a ministra das Finanças.

A Ordem dos Enfermeiros considera “ser preciso dizer basta”, afirmou Germano Couto, dizendo que depois de, “nos últimos anos”, os hospitais e os centros de saúde terem vindo a ser “escalpelizados completamente de recursos humanos, nomeadamente na área da enfermagem”, nos “últimos seis meses tem-se assistido à rutura” de serviços e dos próprios enfermeiros, que estão “exaustos”.

“Não há solução para isto. Ou se contrata enfermeiros ou é preciso dizer basta, fechar serviços, fechar camas hospitalares e o Governo pensar realmente o que quer para a saúde dos portugueses”, afirmou o bastonário, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, nos Açores.

Por Lusa