Cumprindo o segundo dia de greve em períodos de três horas, os enfermeiros concentraram-se à porta do Hospital de Aveiro, após entregarem a um dos elementos do conselho de administração um conjunto de abaixo-assinados, numa jornada nacional de luta promovida pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

A transformação para as 35 horas do horário de trabalho dos enfermeiros com contrato de trabalho para funções públicas é uma das reivindicações apresentadas, a par da admissão de mais profissionais, com a particularidade em Aveiro de aguardar autorização do governo o preenchimento de 37 vagas, proposto pela administração hospitalar, dos cerca de 70 enfermeiros estimados em falta.

Pedro Loureiro, da direção nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, presente no protesto, salientou que “os enfermeiros estão exaustos porque não têm períodos de descanso e não lhes é pago o que lhes é devido”.

“Há colegas a fazer seis e sete noites de quatro em quatro semanas e o facto de fazerem muitas horas a mais acaba por levar a que, entre os turnos, não hajam as horas de descanso consignadas por Lei, para que possam repousar. Isso reflete-se na saúde dos profissionais e também na qualidade dos cuidados prestados aos utentes”, disse.

Segundo aquele dirigente sindical, todos os que podem solicitam a flexibilidade de horário para não fazer turnos, até porque, devido aos cortes nos complementos, têm dificuldade em pagar a quem lhes fique a tomar conta dos filhos, sobrecarregando ainda mais os restantes.

“Viemos de entregar os abaixo-assinados com as nossas reivindicações: a transformação do horário de 40 para 35 horas, a abertura de vagas para fazer face à carência de enfermeiros, e mais uma vez defender a reposição das horas de qualidade, relativas ao serviço prestado depois das 20 horas e aos fins de semana que corresponde, grosso modo, ao subsídio de turno nas outras profissões. É um direito que temos desde 1979 e que o anterior governo reduziu em 50%, tal como o pagamento das horas extraordinárias”, explicou por seu turno Carlos Neves, representante local do Sindicato.