"No sentido que o Ébola é uma doença transmissível e altamente contagiosa, não é uma preocupação só para Angola, mas para todo o mundo e por isso é necessária uma permanente vigilância epidemiológica", alertou o especialista, em entrevista à Lusa, em Luanda.

O novo surto na República Democrática do Congo (RDCongo) começou na localidade de Likati, província de Bas-Uéle, onde até 20 de maio - no espaço de pouco mais de uma semana - 37 pessoas estavam infetadas e outras cerca de 500 estavam a ser vigiadas por terem tido contacto com os doentes, segundo a OMS, que já instalou um laboratório no local e pretende lançar uma campanha de vacinação.

Angola partilha uma fronteira de centenas de quilómetros com a RDCongo e o Ministério da Saúde angolano já alertou as direções provinciais de Saúde para a possibilidade de se registarem casos em território nacional, oriundos do país vizinho.

A notificação imediata de casos suspeitos, a investigação de simples rumores da presença da doença e o reforço da vigilância epidemiológica na deteção de eventuais sintomas são indicações transmitidas pelas autoridades de Saúde angolanas.

12 vírus muito perigosos

Ao leste de Angola, na província da Lunda Norte, chegaram desde abril pelo menos 30.000 refugiados congoleses, que fogem dos conflitos étnico-políticos na região do Kasai.

Contudo, Hernando Agudelo recorda que entre as duas regiões da RDCongo, Bas-Uéle e Kasai, a distância é superior a 1.500 quilómetros, pelo que a transmissão da doença através dos refugiados que fugiram para Angola não representa, pelo menos para já, uma ameaça.

"É um local isolado, não há meios de comunicações, só de helicóptero, é mais difícil sair de lá. É necessário estar alerta, não pelos refugiados, mas por alguém infetado ir a qualquer lugar, até porque há voos diretos de Kinshasa para Luanda. Mas este é o oitavo surto de Ébola no país e na RDCongo sempre se soube lidar com o problema", sublinhou o representante da OMS.

Aquela agência das Nações Unidas divulgou hoje que são necessários 10,5 milhões de dólares (9,3 milhões de euros) para dar resposta, nos próximos seis meses, a este novo surto de Ébola na RDCongo.