No seu relatório anual sobre as Drogas no Mundo, divulgado esta sexta-feira em Viena, a ONU estima que 246 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos consumiram estupefacientes ilegais, o que representa um em cada 20 adultos a nível mundial.

“Um número inaceitável de consumidores de drogas em todo o mundo continua a morrer prematuramente, com uma estimativa de 187.100 mortes relacionadas com as drogas em 2013”, indicou no relatório o diretor-geral do UNODC, Yuri Fedotov.

Por regiões, a Ásia registou 81.100 mortes, a América do Norte 43.300, África 37.800, Europa 16.900, América Latina e Caraíbas 6.000 e Oceânia 2.000.

Segundo a ONU, o número total de mortes é praticamente o mesmo dos anos anteriores e “o consumo de drogas ilícitas permaneceu estável”.

1 em cada 10 consumidores é dependente

O relatório indica que um em cada 10 consumidores tem problemas sérios de dependência. Destes 27 milhões de “consumidores problemáticos”, perto de metade (12,19 milhões) usa substâncias injetáveis, calculando-se que 1,65 milhões dos quais estavam infetados com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) em 2013.

A droga que causa mais problemas de saúde e mortes é o ópio, “o que se pode atribuir à relação que existe entre o consumo de opiáceos e o consumo de drogas injetáveis, o VIH, a SIDA e as mortes por overdose”, assinala o relatório.

Os consumidores de drogas injetáveis, como a heroína, têm uma taxa de mortalidade 15 vezes superior à dos outros indivíduos da mesma idade e sexo que não as usam.

A ONU denuncia que apenas um em cada seis toxicodependentes com problemas graves de dependência tem acesso a programas de tratamento, adiantando Fedotov que “as mulheres em particular parecem enfrentar barreiras ao tratamento”.

A cannabis é a droga mais consumida no mundo, cerca de 182 milhões de pessoas, seguida dos estupefacientes sintéticos, incluindo as anfetaminas e o Ecstasy, com 52,7 milhões.

Os derivados do ópio são consumidos por 48,9 milhões de pessoas e a cocaína por 17 milhões.

O relatório sobre as Drogas no Mundo indica ainda que o cultivo mundial da papoila, a planta da qual se extrai o ópio, alcançou o seu nível mais alto desde finais da década de 1930, devido a máximos históricos no Afeganistão, o primeiro produtor do planeta.

Dos perto de 311.000 hectares de papoila cultivados em todo o mundo em 2014, 224.000 estavam no Afeganistão, onde a superfície cultivada aumentou sete por cento.

O Afeganistão foi responsável pela produção de 85% do ópio a nível mundial em 2014 (mais 17% que no ano anterior) e por 78% da heroína.

Ao contrário, o cultivo da folha de coca situou-se em 2013 no seu nível mais baixo desde que começaram a recolher-se dados em 1990, indica o relatório que analisa as tendências na produção e consumo de substâncias ilegais.

Em 2013 cultivaram-se 120.800 hectares de folha de coca no mundo, cerca de 10% menos que no ano anterior, utilizadas para fabricar 902 toneladas de cocaína pura.

A superfície cultivada diminuiu 18% no Peru e 9% na Bolívia e foram apreendidas 687 toneladas de cocaína em todo o mundo, quase um terço das quais (226 toneladas) na Colômbia.