Para alcançar estes resultados, os especialistas analisaram os hábitos de vida de mais de 3 mil indivíduos com perda repentina de audição. Cada um dos pacientes foi comparado a outros cinco da mesma idade e sexo sem problemas de audição. A correlação entre a apneia do sono e o episódio de perda de audição repentina foi verificada em 8% da população estudada.

A relação inversa foi ainda mais preocupante: os investigadores descobriram também que a população com perda repentina de audição estudada apresentava uma probabilidade 48% superior de má qualidade do sono (microdespertares e dessaturação frequente) comparativamente com os indivíduos que não possuíam perda auditiva.

"A apneia do sono aumenta a pressão arterial e gera sobrecarga cardíaca, provocando alterações cardiopulmonares e cerebrais por hipoxia ou baixa de saturação de oxigénio durante o sono. O ouvido interno é um órgão sensível à hipoxia e aos problemas vasculares pelo que, consequentemente, a sua função pode ficar afetada, nomeadamente a qualidade da audição. A perda de audição está assim indiretamente relacionado com a qualidade do sono e a presença da apneia”, refere Rosa Castillo, Otorrinolaringologista.

"É de extrema a importância que, assim que existe uma perceção do problema, o individuo procure um tratamento adequado, mesmo que a perda auditiva seja considerada leve. Os recursos atuais para tratamento da apneia do sono, seja com dispositivos médicos ou com cirurgia (quando esta está indicada),podem revelar-se bastante importantes na qualidade de vida das pessoas. Em relação à perda auditiva a utilização de próteses auditivas pode representar uma grande ajuda para ultrapassar este problema", conclui.

Estima-se que cerca de 1 milhão de portugueses sofre de Apneia Obstrutiva do Sono, e que esta afeta 24% da população adulta masculina com idade superior aos 40 anos. Curiosamente, estima-se igualmente que a perda auditiva afete cerca de um milhão de portugueses. Destes, 35% são indivíduos com idade superior a 65 anos.