Dois doentes que retiraram tumores do intestino afirmaram à Lusa que este atraso incomoda o próprio médico que os segue, que lhes afirmou não perceber o que se passa mas que a atual situação o impede de definir um tratamento a fazer.

Também um homem operado a um tumor no estômago confirmou à Lusa ter esperado cerca de dois meses pelo resultado da análise, que foi feita “por um laboratório em Lisboa, o que fez com que a amostra andasse extraviada”.

Este doente, que iniciou recentemente quimioterapia depois de ter esperado cerca de dois meses pelo resultado da análise, disse acreditar que haverá muitos doentes nesta situação.

“Disseram-me que deixaram de trabalhar com um laboratório no Porto e passaram a trabalhar com um outro em Lisboa e as amostras andam extraviadas”, disse, criticando “a troca de laboratórios por questões economicistas”.

Um outro doente, operado a uma apendicite, depois de esperar dois meses pelo resultado da sua análise de anatomia patológica, aguarda agora por uma contra-análise ao diagnóstico de tumor pedida pelo médico, que contesta o resultado “devido ao atraso e por ter dúvidas quanto ao laboratório para onde foi enviada a amostra”.

Contactada pela Lusa, a administração do Centro Hospitalar Gaia/Espinho admitiu “existirem situações pontuais de atrasos na entrega de exames de anatomia patológica, por um prestador externo, à qual é alheia”, garantindo que, “à data [de quinta-feira]”, a situação estava já resolvida.

Sob anonimato, um dos doentes que prestou esclarecimentos à Lusa foi operado a um tumor no intestino no final de setembro e até à sexta-feira passada ainda não sabia do resultado da análise de anatomia patológica, porque “ele não aparece”.

“Escrevi uma carta ao diretor do hospital a queixar-me da situação, mas também ainda não tive resposta”, adiantou, acrescentando que o médico que o segue “estranha isto tudo e diz que [esta situação] não pode acontecer, porque não pode iniciar qualquer tratamento quando ainda não há resultados”.

Também um outro doente, que pediu o anonimato, se encontra no mesmo impasse, depois de ser operado a um tumor no intestino há mais de dois meses.

“Tenho ido todas as semanas ao hospital e o resultado não aparece”, disse.

Segundo este doente, que tem esperança de que o resultado apareça, o médico “está aborrecido e não sabe o tratamento que há de prescrever”.

Na resposta enviada à Lusa, o Centro Hospitalar adianta ainda que, assim que teve conhecimento de atrasos na entrega de exames de anatomia patológica, “tomou as medidas corretivas que se impuseram para ultrapassar este problema”.

Sem esclarecer qual o laboratório externo ao hospital para onde foram enviadas as análises de anatomia patológica, o hospital garante que “não se verificou o extravio de quaisquer exames” e que “esteve permanentemente a monitorizar a situação junto do prestador em causa, em coordenação direta com os seus profissionais”.

O doente operado ao apêndice, que afirma ser saudável e que foi operado “depois de três episódios”, referiu ainda que a contra-análise vai ser feita no laboratório do Centro Hospitalar.