No estudo "Safety and Efficacy of the Intravenous Infusion of Umbilical Cord Mesenchymal Stem Cells in Patients With Heart Failure", foram incluídos 30 doentes com insuficiência cardíaca, divididos em dois grupos: o grupo de tratamento, constituído por 15 indivíduos que receberam UC-MSC por via intravenosa, e um grupo controlo, também composto por 15 elementos, que receberam apenas o seu próprio plasma, desprovido de células estaminais.

Para avaliar os efeitos das células estaminais, os testes para avaliação da função cardíaca e a medição da qualidade de vida dos doentes foram realizados antes do tratamento e aos 3, 6 e 12 meses após o mesmo.

No grupo UC-MSC, o grupo de tratamento, notou-se, logo nos três meses pós-infusão e durante os 12 meses de acompanhamento, um aumento na eficiência com que o lado esquerdo do coração bombeava sangue, comparativamente com o grupo controlo.

Este efeito positivo foi acompanhado por um aumento significativo na qualidade de vida dos doentes tratados com UC MSC. Além dos resultados positivos verificados no tratamento, não foram registados efeitos adversos graves associados ao tratamento, pelo que se considera que este é um procedimento seguro.

“Este estudo é o resultado de mais de uma década de investigação do tratamento da insuficiência cardíaca recorrendo a células estaminais. Ao longo dos anos, as células mais utilizadas têm sido as da medula óssea. No entanto, a utilização de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical torna-se mais vantajosa devido à colheita não invasiva, maior capacidade de proliferação e diferenciação", comenta Bruna Moreira, investigadora da Crioestaminal.

"Neste sentido, os resultados deste estudo suportam o desenvolvimento de mais ensaios clínicos com células estaminais do tecido do cordão umbilical, com o objetivo de otimizar este tipo de terapia e permitir o seu acesso a mais doentes no futuro", acrescenta.

Até 2% da população tem insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca é um problema grave de saúde pública que afeta mais de 23 milhões de pessoas em todo o mundo.

Entre 1 a 2% da população adulta nos países desenvolvidos tem insuficiência cardíaca e estima-se que a prevalência entre a população com idade superior a 70 anos ultrapasse os 10%. Em Portugal, a hipertensão e a doença coronária são das principais causas de insuficiência cardíaca, que origina sintomas como falta de ar e cansaço.