As primeiras recomendações no diagnóstico e tratamento da Doença Venosa Crónica (DVC), que afeta dois milhões de portuguesas, foram elaboradas e serão agora distribuídas pelos centros de saúde que são a primeira porta de entrada destes pacientes.

Estas recomendações foram elaboradas pela Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) e pretendem ser “um instrumento de apoio” aos médicos de medicina geral e familiar para um melhor atendimento e acompanhamento dos doentes para os especialistas, segundo o secretário-geral da organização.

Segundo Armando Mansilha, o objetivo destas orientações é “melhorar o diagnóstico e tratamento das doentes venosas” que têm “um grande impacto na qualidade de vida das pessoas”.

De acordo com a SPACV, dois milhões de mulheres portuguesas com mais de 30 anos sofrem de DVC e sete em cada dez, no mesmo intervalo de idade, sofrem de problemas de circulação venosa, sendo que metade ainda não está tratada.

Hoje em dia, a nível internacional, a doença venosa já não é considerada uma patologia sazonal, mas sim “uma patologia crónica e evolutiva, que afeta as doentes o ano inteiro e durante toda a sua vida”, refere a SPACV.

À DVC está associado um processo complexo, que na sua origem tem um ciclo vicioso entre a hipertensão e a inflamação venosa.

Esta situação resulta numa sobrecarga das veias que origina o aparecimento dos primeiros derrames e varizes, repercutindo-se também na microcirculação e sendo responsável pelas formas mais avançadas da doença, como as alterações na pele e, no seu estado mais grave, a úlcera de perna.

Para a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular , as doentes devem recorrer à ajuda médica “sempre que suspeitem que estão perante uma situação de DVC”.

“Nunca poderemos deixar de dizer ao doente, na primeira consulta, que esta doença é efetivamente crónica e evolutiva e que, se nada fizermos, algumas complicações mais gravosas poderão vir para o doente”, disse Armando Mansilha.

O diagnóstico “é simples”, podendo numa consulta médica serem “investigados aspetos relacionados com a doença. Segue-se um exame físico, durante o qual se procuram sintomas e sinais da doença para identificar a presença de refluxo ou potencial oclusão das veias”.

Nestas recomendações, a SPACV refere ainda que qualquer pessoa que apresente sintomas (sensação de formigueiro, dor, ardor, comichão, cãibras e sensação de pernas pesadas, inchadas ou cansadas), ou sinais característicos de doença venosa, já é considerada uma doente e, por isso, necessita de ser tratada.

17 de outubro de 2011

Fonte: Lusa