A classificação da Doença Inflamatória do Intestino (DII), que afeta cerca de 15 mil portugueses, como patologia crónica é uma das grandes batalhas de quem sofre com esta doença, cujo dia mundial se assinala na quinta-feira.

“Uma das nossas grandes reivindicações é a classificação da doença como crónica, porque apesar de ser uma patologia crónica não é reconhecida como tal no âmbito legal”, afirmou em declarações à agência Lusa a presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, Colite Ulcerosa e Doença de Crohn (APDI), Ana Sampaio.

De acordo com a APDI, surgem cerca de 100 novos casos de DII - que engloba duas patologias, Doença de Crohn e Colite Ulcerosa – em Portugal por ano.

“Sabemos que está a acontecer cada vez mais em crianças, adolescentes e jovens. A faixa etária do grande pico da doença é entre os 15 e os 35 anos. Há pouco tempo falava-se mais de uma faixa etária entre os 20 e os 40”, revelou Ana Sampaio.

Por não se saber qual a causa da doença, é difícil explicar o aumento da incidência entre os mais jovens.

Para a presidente da APDI, “a explicação para o aumento poderá vir da causa da doença, mas enquanto não se souber qual é a causa não consegue perceber-se porque está a aumentar”.

Além da “grande batalha”, a APDI quer aproveitar o Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino para “desmistificar toda a problemática à volta desta patologia e esclarecer o público em geral”.

“Há um certo estigma em relação à doença, há algum tabu à volta dos sintomas da doença, como a diarreia”, referiu.

Ana Sampaio lembra que a DII “é uma doença crónica que tem efeitos sobre a qualidade de vida das pessoas”.

“Quando as pessoas são tratadas adequadamente, conseguem a terapêutica adequada e têm o diagnóstico logo nos primeiros sintomas, a recuperação é mais fácil”, alertou.

Apesar de ser uma doença crónica, a presidente da APDI garante que “com a terapêutica adequada” os pacientes “podem ter qualidade de vida”, ainda que seja feito um diagnóstico tardio, “que pode implicar uma operação”.

Para que os jovens aprendam a lidar melhor com a doença, a APDI promove em julho um Campo de Férias em Ponte de Sôr.

De acordo com Ana Sampaio, o objetivo desta iniciativa “é proporcionar um momento de interação e troca de experiências entre jovens com o mesmo problema e assim procurar contribuir para que consigam lidar melhor com o estigma social a que estão muitas vezes sujeitos e a encarar a doença de uma forma mais positiva”.

A APDI, fundada em 1994, é uma associação sem fins lucrativos que visa apoiar e possibilitar a partilha de experiências aos portadores de uma doença inflamatória do intestino e seus familiares e amigos, bem como melhorar o conhecimento da população em geral sobre esta problemática.

18 de maio de 2011

Fonte: Lusa/SAPO