“A doença está a diminuir no norte do país [onde inicialmente foi identificada], mas a agravar-se no sul”, disse à agência Lusa o presidente do CNPMA, Eurico Reis.

A Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), conhecida como a “doença dos pezinhos”, foi descrita pela primeira vez na Póvoa do Varzim, pelo neurologista Corino de Andrade.

Segundo Eurico Reis, apesar da possibilidade do transplante hepático e de alguma medicação, existe um método que permite evitar o nascimento de uma criança com a doença, já que esta é uma patologia hereditária.

Trata-se do Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI), uma técnica de Procriação Medicamente Assistida (PMA) que consiste na análise às células do embrião, nos primeiros dias do seu desenvolvimento.

Impedir que a criança nasça doente

O objetivo é que só os embriões saudáveis sejam transferidos para o útero. “Quando se trata de doenças graves e incapacitantes, como esta é, não queremos que as crianças nasçam doentes quando é possível impedi-lo”, disse o juiz desembargador, referindo-se ao DGPI.

Eurico Reis apercebeu-se de que não é devidamente conhecida a posição do CNPMA sobre esta possibilidade, pelo que foi decidido fazer uma campanha de informação, a qual se irá realizar em parceria com o Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST).

“No interior do IPST não havia a ideia que o CNPMA – não é que sejamos permissivos – tem uma perspetiva alargada em relação a esta matéria”, disse.

Em relação aos pais que não queiram fazer o diagnóstico, preferindo arriscar ter filhos doentes, o juiz disse que tal “está dentro da sua margem de liberdade, por muito que isso depois custe em matéria de gastos no Serviço Nacional de Saúde”.

“Agora, os pais que não querem que os seus filhos sejam doentes podem e devem socorrer-se destas técnicas”, adiantou.

“O facto de nascerem crianças doentes, quando podiam não nascer e quando os pais não querem sujeitar os seus filhos a essa doença, é uma coisa que me horroriza”, acrescentou.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Paramiloidose (APP), Carlos Figueiras, disse que este tratamento já é utilizado por casais com um dos elementos doente “há muitos anos”.

“Já temos muitos meninos que nasceram por Fertilização In Vitro (FIV) pré implantatória e que não são portadores da doença”, afirmou.

Para Carlos Figueira, que se congratula com a campanha de sensibilização do CNPMA, “a maioria esmagadora das pessoas querem ter filhos sadios e, para isso, não têm problemas de recorrer a este método”.