“A doença pode manifestar-se em qualquer idade e atinge ambos os sexos, embora nos adultos seja mais frequente no sexo feminino. Na infância, surge normalmente entre os 6 e os 24 meses, altura em que ocorre a introdução do glúten na dieta”, explica Ana Rita Lopes, coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa.

Os sintomas mais frequentes da doença nas crianças são diarreia, vómitos, distensão abdominal, irritabilidade e atraso no crescimento. Nos adultos é frequente ocorrer diarreia, distensão abdominal, cansaço fácil, alterações do humor, anemia, alterações dermatológicas e, em alguns casos, infertilidade.

De acordo com a especialista, o único tratamento eficaz contra a doença consiste numa dieta isenta de glúten para toda a vida. “A eliminação total do glúten da alimentação permite que o intestino normalize a sua função e que a absorção nutricional volte a ocorrer de forma eficaz. A dieta deve ser rigorosa, saudável e equilibrada, sendo que os alimentos que contêm glúten devem ser substituídos por alternativas idênticas isentas de glúten”.

E acrescenta: “se houver reintrodução do glúten na alimentação (mesmo em pequenas quantidades), os sintomas podem reaparecer, pelo que é imprescindível o cumprimento rigoroso da dieta”.

O glúten está presente em muitos produtos alimentares processados e para facilitar o cumprimento da dieta, Ana Rita Lopes deixa alguns conselhos: “os doentes celíacos devem eliminar da sua alimentação os cereais de trigo, centeio, cevada ou aveia; amido dos cereais não permitidos, amido modificado, proteína vegetal, fibras alimentares, proteína hidrolisada; levedura; malte, xarope de malte ou extrato de malte e todos os aditivos do grupo E-14XX”.

“Quando realizar refeições fora de casa, questione sempre quais os ingredientes utilizados na confeção. Evite os molhos, que podem ter adição de farinha de trigo e os fritos, que podem ter sido preparados com óleos onde já tenham sido fritos produtos com glúten. Quanto às sobremesas, pode optar por fruta fresca, salada de fruta ou gelados isentos de glúten”, conclui.

A doença celíaca é um problema de origem autoimune causado por uma sensibilidade permanente ao glúten (proteína vegetal presente no trigo, cevada, centeio, aveia e derivados) em indivíduos geneticamente suscetíveis. Nestes indivíduos, a ingestão de glúten causa uma reação imunológica ao nível do intestino delgado, que se traduz em alterações na mucosa intestinal, prejudicando a absorção dos nutrientes.