20 de maio de 2014 - 11h22
O diretor para o Programa das Doenças Oncológicas refutou hoje as críticas de ineficácia dos rastreios formuladas pela Associação Contra o Cancro do Intestino, garantindo que os exames estão de acordo com as normas validadas internacionalemnte.
A Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino – Europacolon Portugal - contesta o tipo de rastreio à doença proposto pela Direção-Geral da Saúde, considerando-o ineficaz, inadequado e “enganador” para a população.
“O rastreio oportunístico proposto já existia e era ineficaz. Parece-nos redutor e enganador que se continue a deixar na dependência da boa vontade dos médicos dos cuidados de saúde primários o convite não organizado a que os doentes, que vão à consulta por outra razão, façam o rastreio”, defendeu o presidente da associação, referindo-se a uma norma da Direção-Geral da Saúde publicada no final de março.
Hoje, em declarações à agência Lusa, o diretor nacional para os Programas das Doenças Oncológicas, Nuno Miranda, disse não entender as críticas da Europacolon, salientando que as normas aprovadas estão validadas internacionalmente.
“Não entendo as críticas da Europacolon. O que foi estabelecido foi uma norma de rastreio. Foram aprovadas normas técnicas de realização de rastreio que estão de acordo com as linhas europeias e que estão validadas internacionalmente por uma vasta literatura médica”, sustentou.
Nuno Miranda garantiu que os rastreios do colón e do reto estão a ser lançados em diversas regiões do país.
“Estão a ser implementados com alguma dificuldade, mas estão a ser implementados. Não se podem confundir as normas com o rastreio populacional. As normas são técnicas”, sublinhou.
O presidente da Europacolon, Vítor Neves, classificou de “ato agressivo e criminoso”, “demasiado cruel”, o facto de não se fazer em Portugal um rastreio organizado de base populacional para o cancro do intestino, à semelhança do que se faz com os tumores da mama ou do colo do útero.
Vítor Neves lembrou à Lusa que o cancro do intestino mata em Portugal quase quatro mil pessoas por ano, ao mesmo tempo que surgem oito mil novos casos.

Para esta associação, que junta doentes e médicos, a norma aprovada em março apenas reintroduz uma medida que já existe e que não está a funcionar.
O que a associação defende é um rastreio organizado, em que os centros de saúde convocam especificamente os utentes numa determinada faixa etária para realizarem, anualmente, o exame ao sangue oculto nas fezes. Em caso positivo, esses doentes devem fazer colonoscopia de forma imediata.
Segundo a norma clínica aprovada em março, “a sedação [anestesia] tem de ser realizada por médico anestesiologista”. “O médico gastroenterologista que procede ao exame não deve ser envolvido no processo de sedação”, refere ainda o documento.
Esta norma da DGS surgiu na sequência de um despacho do Governo que determina que todas as colonoscopias no SNS passem a poder ser feitas com recurso a sedação, uma forma de reduzir o receio da realização deste exame.
A norma da DGS estabelece ainda as situações clínicas em que deve ser prescrita a colonoscopia, como, por exemplo, quando dá positiva a pesquisa de sangue oculto nas fezes ou em caso de história familiar de tumor maligno do cólon e reto.
Por Lusa