Em declarações à Lusa, Luís Pereira, no cargo desde 2012, argumentou querer "libertar o novo Conselho de Administração de qualquer dificuldade", por desconhecer o plano dos novos administradores para aquele departamento e por considerar que só é possível desempenhar o cargo quando ambos partilham "as mesmas ideias e objetivos".

O pedido de demissão foi confirmado pelo novo presidente do Conselho de Administração do CHA, Joaquim Ramalho, que, em resposta enviada à Lusa, referiu tratar-se de uma "posição habitual das chefias intermédias dos organismos públicos, quando existe mudança nos órgãos de topo".

Segundo Joaquim Ramalho, é normal que estas chefias coloquem o seu lugar à disposição, manifestando, ou não, a sua disponibilidade para assumir uma nova comissão de serviço, o que, na situação atual, "aconteceu com a generalidade das chefias intermédias do CHA, uma vez que foram nomeadas pela anterior administração".

A nova administração do CHA, que integra os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, tomou posse há dez dias, substituindo a administração presidida desde julho de 2013 por Pedro Nunes, antigo bastonário da Ordem dos Médicos, altura em que os três hospitais da região foram agregados num centro hospitalar.

Falta de prontidão 

De acordo com o diretor demissionário é preciso ter consciência da "importância e dimensão que a Urgência assume no Algarve", observando que, para prestar uma assistência adequada aos residentes e aos milhares de turistas que passam férias na região, é necessária uma Urgência pronta para responder a qualquer situação.

"Um Conselho de Administração que olhe para esta área de maneira diferente corre sérios riscos de ter problemas", alertou o clínico, lembrando o acidente na A22 que envolveu, em junho passado, um autocarro de turismo, causando a morte a quatro pessoas e ferimentos em dezenas.

O departamento que Luís Pereira começou a chefiar em 2012 é composto, atualmente, por seis serviços de urgência: os dos hospitais de Faro e de Portimão e ainda os quatro Serviços de Urgência Básica (SUB) existentes em Lagos, Albufeira, Loulé e Vila Real de Santo António.

Sob a coordenação deste departamento, que engloba 140 médicos, estão ainda as Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Albufeira, Portimão e Faro e, vocacionadas para os doentes críticos, duas unidades de cuidados intensivos, duas de cuidados intermédios, duas salas de reanimação e duas de emergência interna.

Joaquim Ramalho sublinhou que todas as chefias se vão manter em funções até à sua substituição, o que acontecerá em breve, em todas as situações em que não haja continuidade do titular do cargo nas funções.