Os oceanos absorvem cerca de um terço do CO2 libertado pela queima de carvão, petróleo e gás, pelo que a sua composição química tem mudado ao longo do tempo, tornando-se mais ácida.

Também ontem um outro estudo alertou que todos os anos 8 milhões de toneladas de plástico vão parar ao fundo dos oceanos e a tendência é de aumento.

Cientistas da Universidade de New South Wales, na Austrália, calcularam que o aumento das concentrações de CO2 pode causar um fenómeno conhecido por hipercapnia (excesso de CO2 no sangue) nos peixes já em 2050.

Dióxido de carbono afeta os cérebros dos peixes

Segundo Ben McNeil, principal autor do estudo, com isso, "os peixes ficam perdidos no mar", pois "o dióxido de carbono afeta os seus cérebros e eles perdem o sentido de direção e a capacidade de encontrar o caminho de casa, nem mesmo sabendo onde estão os predadores".

McNeil e o seu colega na investigação, Tristan Sasse, fizeram projeções relativamente ao CO2 para o pior cenário, ou seja, para o caso de os seres humanos nada fazerem para reduzir as emissões.

"Mostramos que, se o dióxido de carbono na atmosfera continuar a aumentar, peixes e outras criaturas marinhas que vivem em pontos de concentração de CO2 nos oceanos Antártico, Pacífico e Atlântico Norte vão enfrentar episódios de hipercapnia em meados deste século - muito mais cedo do que o previsto e com efeitos mais nocivos do que se pensava", disse McNeil.

Para a dupla de cientistas, se a previsão se confirmar, a situação terá impactos profundos na pesca comercial e de subsistência.

No último mês, foi assinado em Paris um pacto sobre o clima para limitar o aquecimento global médio a 2ºCelsius, mediante a redução da emissão de gases com efeito de estufa, entre os quais o CO2.