A voz dos portugueses “está bem”, melhoraram-se os cuidados da saúde vocal e os problemas detetam-se mais cedo. Ainda assim, os médicos lembram que é preciso ficar atento.

O diretor do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), Luís Antunes, lembra, a propósito do dia mundial da voz, que se assinala no sábado, que “a patologia vocal é muito prevalente na população portuguesa”.

“Estima-se que 10 a 20 por cento da população portuguesa tenha ou já tenha tido problemas de voz”, afirmou. Ainda que sejam “principalmente problemas inflamatórios, associados a mau uso vocal, e que os problemas oncológicos abranjam apenas uma pequena franja da população, a prevenção é fundamental”.

O médico explicou que os progressos da ciência e na sensibilização dos utentes para os problemas da voz têm resultado em menos casos graves e em maiores taxas de sucesso: “Os diagnósticos são feitos cada vez mais precocemente. Por isso, aquilo que é o estigma do cancro na laringe, a laringectomia, o ‘buraquinho no pescoço para respirar’, é cada vez menos realizado”, afirmou.

“[Com um diagnóstico atempado] acabamos por poder tratar estes doentes com métodos e cirurgias mais conservadores, que lhes permitem continuar a falar pelos seus meios naturais e não com meios artificiais”, acrescentou.

Em situações detetadas mais tardiamente acontece por vezes que os doentes “ficam a respirar por uma via alternativa”. Nesses casos, “sofrem uma alteração do dia para a noite da sua vida pessoal, profissional, afetiva”. E as mudanças, garantiu o médico, são um problema que não é só do doente. É um problema da família toda”.

Por isso, o médico sublinha os fatores de risco, que podem ser profissionais, em situações de poluição ou suspensão de partículas, mas que são, “habitualmente”, fruto de uma combinação fatal: “O que se sabe é que o tabaco associado ao álcool tem uma probabilidade significativa de [causar o] aparecimento de lesões faríngeas ou laríngeas”, afirmou.

Destaca também a necessidade de apostar na prevenção: “É preciso que as pessoas procurem o médico sempre que uma rouquidão que surja intermitentemente, sem estar associada a nenhuma constipação, dure há mais de sete dias”, alertou.

12 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO