Segundo o diretor do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde (DGS), Pedro Graça, “a produção de alimentos é uma mais-valia de muitas regiões do país”, considerando que deve estar associada a uma estratégia de saúde.

No âmbito do seminário internacional "Plano Nacional de Saúde e Estratégias Locais de Saúde", que decorreu hoje no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Pedro Graça defendeu que é importante conciliar os programas nacionais de saúde com as dinâmicas e preocupações locais.

“Convidar as pessoas a comerem melhor, criar condições físicas de acesso aos alimentos e formar e capacitar os cidadãos para fazerem escolhas saudáveis” são os principais objetivos do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, referiu.

O responsável da DGS disse que as autarquias deveriam intervir no caso das famílias de risco, que têm consumos alimentares consoante as condições socioeconómicas.

Pedro Graça afirmou que a saúde deve “jogar com a educação”, explicando que é necessário “modificar a disponibilidade dos alimentos, no caso das cantinas escolares”, e dando como exemplo o Brasil, em que 30% da alimentação que entra nas escolas provem de agricultura local.

Nas escolas do 1.º ciclo, está a ser implementado o Regime de Fruta Escolar, um programa europeu que permite oferecer fruta, de forma gratuita, duas vezes por semana, aos alunos.

“O nosso espaço público ainda é muito pouco amigo da alimentação saudável”, lamentou este responsável da DGS, explicando que “não faz sentido que não exista oferta de água em todo o lado”.

Para o diretor-geral da Saúde, Francisco George, “é essencial falar das cantinas escolares e continuar a trabalhar com as escolas” no âmbito da alimentação saudável.

“Temos consciência que a pobreza infantil não pode ter uma resposta invisível”, afirmou Francisco George, defendendo que tem que haver um trabalho da DGS a nível local em conjunto com as escolas, com os municípios e com a Segurança Social.

O diretor-geral da Saúde lembrou que cerca de um terço das crianças do 1.º ciclo tem excesso de peso, referindo que a DGS está a intervir em obesidade infantil, através do diagnóstico precoce.

Para a pediatra do Centro Hospitalar de Lisboa Central Júlia Galhardo, os grandes problemas apontados pelos pais para a obesidade das crianças são a falta de tempo e de recursos económicos.

“A minha ambição é tentar convencê-los exatamente do oposto”, afirmou a pediatra, explicando que o dinheiro que gastam a comprar refrigerantes e outro tipo de alimentos menos saudáveis, é suficiente para comprar legumes para fazer sopa.

Em relação à prática de atividade física, o psicólogo da DGS, Miguel Telo de Arriaga, revelou que “em Portugal a inatividade física é um importante fator de risco”, acrescentando que existe uma estratégia nacional para a promoção da atividade física, da saúde e do bem-estar.