A "epidemia de sono" que assolou durante vários meses duas aldeias remotas do norte do Cazaquistão tem agora uma explicação científica.

Depois de uma sequência de milhares de testes laboratoriais à qualidade do ar, solo, água, produtos agrícolas, animais e residentes, os cientistas concluíram que na origem do problema está uma mina de urânio abandonada, explorada durante a antiga União Soviética, que provoca uma concentração anormal de monóxido de carbono e hidrocarbonetos no ar.

Os aldeões adormeciam subitamente, enquanto caminhavam e acordavam, muitas vezes, com perda de memória, dores de cabeça, náuseas, escreve o diário britânico Guardian.

Os primeiros casos surgiram em 2013. Em 2015, pelo menos 140 pessoas dos 810 aldeões de Kalachi e Krasnogorsk queixaram-se dos episódios de sonolência extrema, que afeta crianças e adultos de todas as idades.

Segundo o vice-primeiro-ministro do Cazaquistão, Berdibek Saparbaev, os investigadores cazaques e colegas de Praga e de Moscovo confirmaram que a culpa da "epidemia de sono" é das altas concentrações de monóxido de carbono, que em algumas casas chegam a ser dez vezes mais altas do que os valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde.

"O oxigénio do ar é reduzido [pela presença de outros gases] e essa é a verdadeira razão para os episódios de sonolência", disse o governante.

O plano do executivo cazaque passa agora por evacuar ambas as aldeias. Pelo menos 68 das 223 famílias já foram realojadas.