17 de abril de 2013 - 14h25
Investigadores descodificaram o genoma do peixe zebra, um “organismo modelo” utilizado nos laboratórios para estudar as doenças humanas, e descobriram que 70 por cento dos genes do pequeno peixe têm um equivalente nos dos seres humanos.
Este genoma é o maior descodificado até agora num vertebrado (26.000 genes codificadores), segundo a agência France Presse.
O genoma foi codificado com um tal grau de precisão que permitirá “fazer comparações diretas entre os genes humanos e os genes do peixe zebra”, sublinhou Derek Stemple, geneticista no Wellcome Trust Sanger Institute de Cambridge (Reino Unido).
O investigador, que dirigiu dois estudos publicados hoje na revista britânica Nature, explicou que o genoma daquele vertebrado “é muito semelhante ao dos humanos, 70 por cento dos genes humanos têm um homólogo no peixe zebra”, e que, se se tiver em conta apenas os genes associados às doenças humanas, a proporção sobe para 84 por cento.
Derek Stemple deu como exemplo o caso da distrofia muscular (miopatias genéticas hereditárias), cuja principal causa no ser humano tem que ver com mutações num gene designado distrofina.
“Os peixes zebra têm um gene da distrofina. Muito semelhante. E as mutações do gene da distrofina também provocam neles distrofia muscular”, disse.
Ross Kettleborough, que participou na descodificação, precisou que “a ideia é utilizar um organismo modelo como o peixe zebra para tentar ver exatamente o que os genes fazem (…),analisar cada gene do genoma e ver o que provoca no peixe uma perda de função”.
Devido às semelhanças, isso poderá melhorar consideravelmente o conhecimento da biologia humana, consideram os investigadores, que já identificaram as mutações de perto de 40 por cento dos genes do peixe zebra e descreveram os efeitos daquelas variações para cerca de 1.200 genes.
Após a identificação das mutações, serão estudadas e descritas as mudanças que elas provocam e a informação será disponibilizada numa base de dados.
“Esperamos que os médicos acedam e possam comparar as descrições aos sintomas apresentados pelos seus doentes e que isso contribua para identificar o gene associado à doença de que sofrem”, disse uma coautora do estudo, Elisabeth Busch-Nentwich.
Existe ainda a possibilidade de “criar num peixe zebra uma mutação semelhante a uma mutação humana e depois utilizar o peixe como uma ferramenta para procurar um novo medicamento”, indicou Derek Stemple.
Os peixes zebra (Danio rerio) são há muito utilizados como modelos para o estudo das doenças humanas, nomeadamente porque são fáceis de reproduzir em grande número em laboratório. Além disso, os seus embriões desenvolvem-se fora da mãe e são transparentes, o que permite observar facilmente o seu desenvolvimento celular.
Lusa