28 de fevereiro de 2014 - 12h31
As células cancerígenas estabelecem-se no cérebro e formam novos tumores ao ajustar-se aos vasos capilares, sintetizando proteínas que bloqueiam as suas defesas naturais, revela um estudo publicado pela revista "Cell".
O trabalho realizado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center e liderado pelo cientista espanhol Joan Massagué, explica desta forma o funcionamento no cérebro da metástase, processo pelo qual algumas células cancerígenas escapam do tumor original e se instalam em outros tecidos e órgãos.
A metástase é a causa mais comum das mortes por cancro e os tumores cerebrais que nascem através deste processo são dez vezes mais comuns que os cancros primários.
Para chegar até ao cérebro, estas células devem separar-se do tumor que as originou, entrar na corrente sanguínea e atravessar uns vasos sanguíneos densos denominados "barreira de sangue do cérebro", pelo que a maioria morre antes de implantar-se no cérebro, que está mais protegido que outros órgãos.
"O que as mata e como ocasionalmente algumas sobrevivem - às vezes ocultando-se no cérebro durante anos - para finalmente originar novos tumores. O que as mantém vivas e onde se escondem", questionou Massagué, que também dirige o Sloan Kettering Institute de Nova Iorque.
Segundo explica o estudo, quando as células metastizadas chegam ao cérebro encontram outras células (astrocitos) que as forçam a autodestruir-se.
As únicas que conseguem sobreviver são as que produzem uma proteína que funciona como antídoto.
Estudando células cancerígenas em cérebros de ratos, os investigadores concluíram que as células sobreviventes crescem juntando-se aos vasos capilares "como um urso panda abraçado a um troco de árvore", explicou Massagué.
"O abraço é claramente especial", insistiu Massagué, que acrescenta que se uma célula tumoral se separar do vaso, os astrocitos matam-na, enquanto se ficar agarrada obtém nutrientes e proteção e pode ainda começar a dividir-se e a formar um revestimento em torno do vaso capilar
Esta descoberta poderá converter estas células no objetivo de novos fármacos que diminuam o risco de metástases.
SAPO Saúde com Lusa