O hematologista e investigador alemão Gero Hüetter está hoje em Portugal para contar aos estudantes da Universidade do Porto como curou do vírus da sida o norte-americano Timothy Brown, que está há quatro anos e meio sem vestígios da doença.

O investigador participa hoje no VI Young European Scientist Meeting (YES Meeting), evento científico que está a decorrer na Fundação António de Almeida (Porto), com o intuito de apresentar aos estudantes e jovens cientistas as novidades recentes na área do combate ao HIV e medicina molecular no tratamento de doenças.

Em entrevista à Lusa, Hüetter afirmou que o paciente Timothy Brown, hoje com 43 anos de idade, chegou ao hospital com “leucemia e HIV”, mas, depois de um transplante de medúla óssea especial, está sem vestígios da doença “há quatro anos e meio”.

A terapia utilizada envolveu quimioterapia, radioterapia [para destruir o maior número possível das suas células doentes] e um transplante de medula óssea - cujo dador possuía uma mutação rara, que elimina das próprias células a proteína CCR5, responsável pela entrada do HIV nas células de defesa do organismo, explicou.

Hüetter, que recebeu em 2010 o prémio "Aids Policy Project", de São Francisco, pela “primeira cura funcional do HIV”, explicou à Lusa que na Europa só entre um a três por cento da população é que tem uma proteção natural contra a infecção com o vírus da sida, porque têm uma "mutação genética".

Essa mutação genética, denominada delta 32, pode ter aparecido na sequência de uma epidemia viral ocorrida no continente europeu há cerca de mil anos.

O YES Meeting continua no sábado, destacando-se a participação do cirurgião norte-americano Robert A. Montgomery, reconhecido internacionalmente, e que vai falar de cirurgia por orifícios naturais, e de uma das suas aplicações na transplantação renal.

O evento, que conta com a participação de 400 jovens cientistas de 37 nacionalidades, encerra no domingo, depois de um simpósio sobre envelhecimento, que conta com a presença de Rudy Westendorp, diretor executivo da Leyden Academy on Vitality and Ageing).

16 de setembro de 2011

Fonte: Lusa