“Os cuidados paliativos introduzidos numa fase mais precoce da doença, a par dos tratamentos dirigidos à cura, melhoram a qualidade de vida e aumentam a sobrevida dos doentes”, refere o núcleo de estudos num comunicado que assinala o Dia Mundial do Cancro (04 de fevereiro).

“Habitualmente ligam-se estes cuidados só quando os doentes estão a morrer e nessa altura ajudamos, mas muito pouco. Temos de começar mais cedo para ajudarmos muito mais”, disse à agência Lusa a coordenadora do núcleo de estudos, Elga Freire.

A especialista em Medicina Interna reconhece que em Portugal ainda falta cobrir grande parte das necessidades de cuidados paliativos, seja internamento ou domicílio.

A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos calcula que cerca de 90 por cento dos portugueses que precisam de cuidados paliativos não os recebe, uma situação que Elga Freire atribui ao facto de não haver respostas adequadas.

“Nós estamos a tentar e todos os dias temos melhorado, agora é verdade que as necessidades são imensas e que o nosso país se atrasou muito”, disse à Lusa

Para a médica, a resposta deve passar pela mudança dos cuidados prestados aos doentes crónicos e terminais, o que implica a formação e treino em cuidados paliativos de todos os profissionais de saúde que tratam estes doentes e a criação de estruturas em número suficiente para poder responder às reais necessidades da população.

“É urgente haver um maior empenho das políticas de saúde e sociais para que se implementem as várias estruturas já definidas, nomeadamente os cuidados paliativos domiciliários”, defendeu.

De acordo com os estudos mais recentes, 60% dos doentes falecidos necessitariam de cuidados paliativos, repartindo-se equitativamente por diferentes níveis de complexidade”.

Segundo as recomendações da OMS, calcula-se que cerca de 80% dos doentes oncológicos que virão a falecer podem necessitar de cuidados paliativos diferenciados.

Baseando-se nos dados da mortalidade em Portugal, o NEMPAL estima que cerca de 18.000 doentes com cancro podem necessitar, anualmente, destes cuidados.

“A necessidade de cuidados paliativos na doença oncológica não diminui, pelo contrário, aumenta se quisermos melhorar a qualidade da assistência prestada a estes doentes”, explicou Elga Freire.

O núcleo de estudo estima que são necessárias 133 equipas de cuidados paliativos domiciliários, 102 equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos (uma em cada instituição hospitalar), 28 unidades de internamento em hospitais de agudos e 46 unidades vocacionadas para doentes crónicos.