28 de janeiro de 2014 - 09h56
A grande maioria dos condutores, inquiridos num estudo hoje divulgado, transporta as crianças numa “cadeirinha”, mas viradas para a frente, e quase metade considera essa a forma mais segura.
Sendo certo que as crianças devem viajar no sentido contrário à marcha até aos dois anos, os responsáveis pelo inquérito consideram importante uma campanha de informação, e vão lançar a operação “A segurança responsável”, para sensibilizar os automobilistas para uma maior segurança no transporte de crianças no automóvel.
O estudo “Proteção das crianças nos automóveis: A segurança responsável”, que é hoje apresentado publicamente, foi feito pelo Automóvel Club de Portugal (ACP), em colaboração com a Prevenção Rodoviária Portuguesa e a Cybex, uma empresa especialista em produtos seguros para crianças (como cadeiras ou carros de passeio).
Depois de inquiridos mais de 1800 condutores, concluiu-se que 89 por cento disse transportar as crianças no sentido da marcha do veículo, 46 por cento considera essa a forma mais segura, 30 por cento disse ser mais seguro levar as crianças de costas, 17 por cento não sabe qual a forma mais segura e sete por cento disse ser indiferente.
“Estes dados demonstram ainda algum desconhecimento dos condutores quanto à forma mais segura de transportar os mais pequenos no automóvel”, diz o documento a que a agência Lusa teve acesso.
As três entidades, baseando-se em dados estatísticos e testes laboratoriais alertam para o facto de que, se as crianças viajarem de costas para a via, em caso de acidente reduz-se a probabilidade de lesões e ferimentos, e vão lançar uma “distribuição maciça de folhetos informativos” sobre como comprar, montar e usar no carro um sistema de retenção de crianças.
“É sabido que lesões no pescoço são mais frequentes na faixa etária até aos dois anos”, alerta-se no documento.

No inquérito detetaram-se ainda outros erros, um deles o de as crianças conseguirem tirar os braços dos cintos da cadeira, o que os deixa desprotegidos, diz o estudo, que aponta ainda como grave a utilização de cadeiras em segunda mão, sem se ter atenção ao seu estado.
Segundo dados citados pelo documento, entre 2008 e 2012, registaram-se 73 mortes de crianças com menos de 14 anos, vítimas de acidentes rodoviários, a maior parte dentro das localidades. Registaram-se ainda 721 feridos graves e 14552 ligeiros (também nestes casos, a grande maioria dentro de localidades).
Os dados indicam um decréscimo de vítimas. “No entanto, em 2012, 2621 crianças sofreram lesões corporais em acidentes de viação”, diz o documento, que acrescenta que são mais as vítimas de acidentes dentro das localidades, mas são mais graves as consequências fora das localidades (pelo aumento da velocidade quando do acidente).
Num inquérito a 1205 crianças até aos 11 anos, feito no ano passado e citado pelo documento, demonstrou-se que a maior parte das crianças usa vulgarmente o sistema designado por “cadeirinha”. O seu uso, diz de resto a OMS, reduz o risco de morte entre 54 e 80 por cento.
A lei portuguesa obriga o uso de algum tipo cadeirinha em crianças até aos 12 anos, e menos de 135 centímetros.
Lusa