De acordo com o presidente do conselho de administração do CHCB, Miguel Castelo Branco, a reabertura é possível graças à fixação de um casal de médicos e permitirá o regresso da consulta e do bloco operatório da especialidade.

"Na atividade cirúrgica é importante ter mais do que um elemento para poder fazê-la e assim com dois vai ser possível reintroduzi-la", afirmou.

Miguel Castelo Branco lembrou que atualmente em Portugal não há muitos otorrinolaringologistas, pelo que se mostra satisfeito pelo facto de o CHCB ter conseguido cativar dois especialistas, resultado de "um trabalho esforçado" que foi feito na procura de interessados em exercer nesta unidade hospitalar, bem como na operacionalização para a abertura das vagas.

Segundo apontou, a ligação entre o CHCB e a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior também teve um "contributo importantíssimo" na tomada de decisão do casal.

Miguel Castelo Branco sublinhou ainda que, apesar de o CHCB ter estado sem este serviço durante mais de quatro anos, os utentes não ficaram sem ser atendidos, uma vez que eram encaminhados para o Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, no âmbito de uma "relação extremamente bem articulada" e que foi considerada "exemplar".

"Isso facilitou imenso a vida [aos doentes] e conseguiu que, neste tempo, convivêssemos - obviamente que com uma solução de recurso - melhor do que noutras circunstâncias", disse.

Agora, os utentes que ainda estejam a ser seguidos naquele hospital poderão, mediante referenciação, regressar ao serviço do CHCB, juntando-se aos que, entretanto, sejam sinalizados nos centros de saúde ou nos hospitais da área de abrangência do CHCB.

Miguel Castelo Branco especificou ainda que estes médicos não foram colocados ao abrigo dos incentivos criados pelo Governo para apoiar a fixação de especialistas no Interior, uma vez que esta especialidade não está abrangida.

Os médicos em causa, que ainda pensaram em ir para o estrangeiro, referiram que entre os fatores que pesaram na decisão de se fixarem na Covilhã esteve o facto de o "hospital estar bem apetrechado", bem como a possibilidade de fazerem investigação na universidade e ainda o desafio que constitui a constituição de raiz de um novo serviço.

Rui Cerejeira (35 anos, trabalhava no Hospital de Penafiel) e Rafaela Teles (31 anos, concluiu a especialidade no Hospital de Guimarães e é do Porto) também se mostraram agradados por poderem ajudar a melhorar as respostas de saúde numa região que está extremamente carenciada e assumem a ambição futura de ajudarem a cativar outros especialistas para este serviço.