26 de fevereiro de 2014 - 08h01
O coronavírus MERS, responsável por problemas respiratórios agudos e causador de dezenas de mortes no Médio Oriente, poderá ser transmitido por camelos, revelou um estudo publicado esta terça-feira nos Estados Unidos.
Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus da Síndrome Respiratória por Coronavírus do Médio Oriente (Middle East Respiratory Syndrome, MERS) tinha afetado de setembro de 2012 a 7 de fevereiro 182 pessoas em todo o mundo, das quais 79 morreram.
O Ministério da Saúde da Arábia Saudita anunciou no domingo a morte de uma mulher de 81 anos vítima de MERS, elevando o número de mortes pela doença no país para 61 casos.
Até agora, sabia-se muito pouco sobre a origem deste vírus, que provoca problemas respiratórios agudos, com febre, tosse e falta de ar e costuma ser acompanhado de pneumonia, problemas gastrointestinais e insuficiência renal.
Segundo a investigação de um professor da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, este vírus "é extraordinariamente comum" em camelos há pelo menos 20 anos. "Em algumas partes da Arábia Saudita, este vírus está presente nas vias respiratórias de dois terços destes animais", disse à AFP Ian Lipkin. Segundo ele, "é provável que os camelos sejam a principal fonte de infeção humana".
Lipkin trabalhou com o professor Abdelaziz Alagaili, da Universidade King Saud, em Riad, para este estudo, publicado na terça-feira em versão online da revista mBio.
Os cientistas recolheram amostras de sangue e da área retal destes animais, assim como das fossas nasais de mais de 200 camelos, entre novembro e dezembro de 2013.

Foram identificados anticorpos específicos de MERS em 74% destes animais, assim como o próprio vírus, particularmente na secreção nasal dos camelos. Os animais portadores do vírus pareciam saudáveis.
Ao analisar amostras de sangue dos camelos, coletadas entre 1992 e 2010, a equipe descobriu rastos do vírus que remontam a mais de 20 anos.
"O vírus detetado nos animais é similar ao que encontramos nos seres humanos", disso Lipkin. Se se confirmar este vínculo, seria um caso extremadamente raro de contaminação direta de humanos pelos animais.
A maioria dos casos de pessoas que contraíram este vírus foram diagnosticados na A´rabia Saudita e Qatar. Casos mais isolados foram registados na Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Jordânia e Tunísia, principalmente em pessoas que tinham viajado para o Médio Oriente.
Uma vacina para os animais está em estudo, assim como um tratamento para pessoas doentes, escreve a agência France Presse.
SAPO saúde com AFP