28 de maio de 2013 - 10h19
O consumo de droga é uma das principais causas de morte entre os jovens na Europa, refere o Relatório Europeu sobre Drogas 2013, hoje divulgado em Lisboa pela agência europeia de informação sobre este problema.
Segundo o documento, a taxa de mortalidade – provocada diretamente pelo consumo de droga, através de ‘overdoses’, ou indiretamente, por doenças várias, sobretudo infectocontagiosas, e acidentes, violência e suicídio - ronda os 1 a 2 por cento (%) por ano.
Os últimos dados compilados pelo EMCDDA (OEDT- Observatório Europeu da Droga e Toxicodendência) apontam para uma descida do número de mortes por ‘overdose’, registando-se, ainda assim, 6.500 casos.
A canábis é a droga ilícita mais experimentada pelos estudantes europeus, embora esse consumo tenha diminuído ligeiramente em relação ao início do século XXI. Mesmo assim, os especialistas estimam que 15,4 milhões de jovens europeus, entre os 15 e os 34 anos, tenham consumido canábis no último ano.
A canábis é, destacadamente, a droga mais apreendida na Europa, com cerca de 2.500 toneladas por ano, seguida da cocaína, que registou o dobro das apreensões notificadas para as anfetaminas e para a heroína.
Segundo o relatório, o número de apreensões de drogas ilícitas efetuadas na Europa atingiu, em 2011, um milhão, sendo que a tendência tem sido de crescimento substancial.
A maioria das apreensões foi comunicada pela Espanha (dois terços, devido à proximidade com Marrocos e ao seu substancial mercado interno) e pelo Reino Unido, mas a Bélgica e quatro países nórdicos também apresentaram números altos.
Já a heroína registou o menor número de apreensões da última década, ficando-se nas 6,1 toneladas, ou seja, cerca de metade do que foi apreendido em 2001.
“Esta descida pode explicar-se pelo aumento das apreensões realizadas entre 2002 e 2009 na Turquia, que, desde 2006, vem apreendendo esta droga em quantidades superiores às de todos os outros países em conjunto”, avança o Observatório para as Drogas e Toxicodependência, com desse em Lisboa.
Menos 50% de apreensões de cocaína
As apreensões de cocaína, cuja principal rota de tráfico para a Europa passa pela Península Ibérica, diminuíram quase 50% em relação a 2006, representando o equivalente a 62 toneladas em 2011.
No caso das anfetaminas, depois de um período de crescimento, o número de apreensões regressou aos valores de 2002, tendo sido reportadas, em 2011, 45 mil apreensões, ou seja, cerca de 6,5 mil toneladas.
Também em diminuição de oferta está o ecstasy, cujo fabrico na Europa terá atingido o nível máximo em 2000, ano em que foram desmantelados 50 laboratórios. Em 2011, apenas cinco laboratórios foram desmantelados, o que “sugere uma diminuição da produção”, diz o relatório.
No entanto, alerta o Observatório Europeu, o mercado tem sido invadido por drogas novas, não controladas pelo direito internacional, muitas vezes rotuladas como ‘alimentos para plantas’.
Só no ano passado, adianta, os 27 Estados-membros, a Noruega, a Croácia e a Turquia [que integram o relatório de 2013] notificaram 73 novas substâncias psicoativas.
Os dados do relatório deixaram a comissária europeia dos Assuntos Internos, Cecilia Malmström, “simultaneamente confiante e preocupada”.
Por um lado, as políticas de luta contra a droga e os níveis recorde de tratamento parecem estar a diminuir o consumo da heroína, da cocaína e da canábis em alguns países, o que também reduz a transmissão de VIH, elogiou a comissária.
“Mas estou também preocupada, pois um quarto dos adultos europeus — ou seja, 85 milhões de pessoas — já consumiu uma droga ilícita o que significa que o consumo de drogas na Europa se mantém elevado”, ressalvou.
A sua preocupação deve-se também ao facto de existir “um mercado de estimulantes cada vez mais complexo e uma oferta imparável de novas drogas, que são cada vez mais variadas”.
Questão também abordada pelo diretor do EMCDDA, Wolfgang Götz, que lembrou que o problema da droga está “em constante evolução”.
“A nova estratégia da UE de combate à droga para 2013-20 terá de lidar com um problema que se encontra num estado permanente de mudança e com um mercado fluído, dinâmico e em rápida evolução. Acredito que este relatório constitui um recurso valioso para responder aos desafios que se avizinham”, concluiu.
SAPO Saúde com Lusa