De acordo com dados do Instituto de Higiene e Medicina Tropical a que a agência Lusa teve acesso, 21.286 pessoas foram a consultas de medicina do viajante (pré-viagem) e de medicina tropical (pós-viagem) nos anos 2015 (10.625) e 2016 (10.661) respetivamente.

Os dados indicam que entre 2008 (4.233) e 2014 (12.020), as consultas no Instituto sofreram um aumento, sendo que durante o período da presença da ‘troika’, entre 2011 e 2014 foram registadas 44.912 consultas de medicina do viajante e de medicina tropical.

Em 2011 foram registadas 9.903 consultas, em 2012 o número aumentou para 11.148, em 2013 para 11.841 e em 2014 para 12.020.

Em entrevista à agência Lusa, o diretor clínico da consulta do viajante, do Instituto da Higiene e Medicina Tropical, Carlos Araújo, explicou que o aumento tem a ver com acesso a mais informação, com a emigração, e com as viagens de turismo aliadas ao turismo de lazer.

“Este aumento vai variando ao longo do tempo. Por exemplo no tempo da crise económica, da ‘troika’, quem ia mais a estas consultas eram as pessoas que iam trabalhar, principalmente para Angola. Nesta altura, havia menos pessoas a viajar e, neste momento a situação inverteu-se. Passou a ser como há 20 anos: viaja-se em turismo”, disse.

Segundo Carlos Araújo, a população também evoluiu, sendo atualmente mais letrada e com mais acesso a informação de saúde. “Há muita gente jovem a viajar e a fazer turismo. Às vezes associam formação académica com turismo. (…) Eu diria que globalmente as pessoas estão mais alertadas e por esse motivo recorrem menos às consultas”, sublinhou.

Em declarações à Lusa, o diretor clínico da consulta do viajante no Instituto da Higiene e Medicinal Tropical destacou a importância de sempre que uma pessoa vai viajar para países muito diferentes do sítio onde residem devem pedir aconselhamento. “Estas consultas não são obrigatórias. (…) São consultas de aconselhamento, ou como eu costumo dizer: de gestão de risco”, disse.

De acordo com Carlos Araújo, nestas consultas, as pessoas são aconselhadas sobre as vacinas a tomar, sobre cuidados específicos a ter na região para onde vão viajar, as epidemias, os hábitos alimentares, vestuário, entre outros.

“Há uns anos atrás, as agências de viagens aconselhavam as pessoas a irem a uma consulta do viajante, mas hoje, sobretudo os jovens, marcam viagens e fazem planos sem recurso às agências. Ainda hoje percebemos que muitas vezes as pessoas vêm à consulta porque vão para países onde é exigida a vacina da febre amarela”, disse.

Na opinião do médico, a maioria das pessoas que vão às consultas do viajante vão para África, o sudoeste asiático e ilhas do Pacífico. Carlos Araújo explicou que o ideal é que a pessoa que vai viajar vá a uma consulta com dois meses de antecedência e que depois aceda a ‘sites’ oficiais para ir atualizando a informação.

O responsável contou ainda que durante as consultas são recomendados cuidados aos viajantes como por exemplo os cuidados a ter com a alimentação, como evitar picadas dos mosquitos, doenças sexualmente transmissíveis, bem como chamar a atenção para o risco de embolia pulmonar quando se fazem viagens de avião de longa duração.