Miguel Oliveira da Silva, atual presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (Foto: MÁRIO CRUZ/LUSA)

Esta alteração da composição do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) é proposta num projeto de lei dos partidos PSD, PS e CDS-PP, que justificam a mudança com o facto de a área farmacêutica ser uma daquelas em que se “colocam as mais variadas questões éticas, até pelo constante acesso científico a novos meios de diagnóstico e de tratamento de doenças”.

Atualmente, o CNECV é composto por “seis pessoas de reconhecido mérito que assegurem especial qualificação na reflexão ética suscitada pelas ciências da vida, eleitas pela Assembleia da República”.

Fazem ainda parte do Conselho “oito pessoas de reconhecido mérito que assegurem especial qualificação no domínio das questões da bioética”, designadas pelas Ordens dos Médicos, dos Enfermeiros, dos Biólogos, dos Advogados, pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a Academia das Ciências de Lisboa, o conselho médico-legal do Instituto Nacional de Medicina Legal e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

O CNECV conta ainda com três pessoas de “reconhecido mérito científico nas áreas da biologia, da medicina ou da saúde em geral e das ciências da vida e duas pessoas de reconhecido mérito científico nas áreas do direito, da sociologia ou da filosofia, todas designadas pelo Governo”.

Na justificação do projeto de lei, é recordado que a composição do CNECV foi sendo paulatinamente alargada”, passando a incluir membros designados pelas Ordens dos Biólogos e dos Enfermeiros.

Os autores do documento consideram “injustificada” a ausência de um representante da Ordem dos Farmacêuticos, tendo em conta que a atividade do CNECV “se reportar a matérias com uma importante componente de novas terapêuticas e, também, de inovação farmacológica”.

“Acresce que os farmacêuticos constituem uma das mais importantes profissões da saúde que interage quotidianamente com os cidadãos, seja ao nível da farmácia comunitária ou hospitalar ou, ainda, das análises clínicas”, lê-se no projeto de lei.

A inclusão de um representante dos farmacêuticos no CNECV responde a uma pretensão da Ordem destes profissionais que já a tinha solicitado à Assembleia da República.

Em julho, numa carta dirigida à presidente da Assembleia da República, com conhecimento dos grupos parlamentares, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos lamentava que na composição do CNECV não constasse um farmacêutico.

“Tal lacuna torna-se ainda mais incompreensível na medida em que o CNECV integra na sua composição membros designados pelas Ordens dos Médicos, dos Enfermeiros, dos Biólogos e dos Advogados - profissões que é certo lidam direta e diariamente com questões éticas, morais, técnicas e científicas relativas às ciências da vida”.

Estas profissões, na opinião do bastonário, não lidam com estas questões “em maior grau do que os farmacêuticos, que igualmente se deparam no seu dia-a-dia com questões desta natureza, sendo aliás muitas vezes a primeira linha de intervenção no contacto direto com os cidadãos”.

Para sexta-feira está igualmente marcada a eleição de membros para o CNECV, uma vez que o mandato da atual equipa já terminou.