"Há um conjunto de fatores psicossociais que podem ter influência nas pessoas que têm alergias alimentares", podendo ter impacto na qualidade de vida ou no aumento dos níveis de ansiedade, disse à agência Lusa a psicóloga Cátia Lopes, uma das oradoras do painel "Psicologia nas Alergias Alimentares", que se realiza na manhã do segundo dia do evento organizado pela Associação Portuguesa Conversas de Psicologia.

Segundo Cátia Lopes, alergias ao ovo, glúten ou às LTP (proteínas transportadoras de lípidos - presentes em diversas frutas e vegetais), que estão presentes em muitas refeições e alimentos, podem ter um "impacto psicológico nas pessoas".

"As alergias alimentares não são uma simples preocupação de ficar com umas borbulhas. A alergia alimentar pode levar à morte e é mais frequente do que as pessoas julgam", apontou, considerando que "há o medo constante", nas pessoas com alergia, de ingerirem um alimento que contenha algo que provoque uma reação alérgica.

Para além disso, ao ter de se evitar diversos alimentos, pode-se "deixar de poder comer em restaurantes" e, em eventos sociais, pode ter de levar a sua comida, "o que é socialmente mais difícil de aceitar", referiu.

Para a psicóloga, é necessário sensibilizar "escolas, restaurantes, empresas de agências de viagem", bem como companhias aéreas, para esta problemática, dando o exemplo de que, ao contrário de Portugal, todas as escolas nos Estados Unidos "têm disponíveis injeções de adrenalina para quando alguém tem uma reação alérgica".

De acordo com Cátia Lopes, "o psicólogo pode ajudar a pessoa com alergia a lidar melhor com a sua doença, mas também pode ajudar os cuidadores, como os pais com filhos com alergias".

A alergia alimentar é um dos temas a abordar no congresso nacional, que também vai debater a psicologia na educação, fertilidade, envelhecimento ativo e neuropsicologia, referiu o presidente da Associação Portuguesa Conversas de Psicologia, Vítor Anjos.

Segundo este responsável, são esperadas 600 pessoas na 2.ª edição do evento, que vai ter "30 oradores principais, de seis nacionalidades diferentes", e um conselho científico com "25 representantes".

Vitor Anjos avançou que a abertura oficial do congresso vai estar a cargo do reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, e a conferência internacional sobre o envelhecimento ativo, que decorre no primeiro dia, vai contar com a participação do ator Ruy de Carvalho, que vai falar "sobre envelhecer a trabalhar".

A iniciativa procura "trazer a discussão da psicologia à sociedade", criando um espaço "de debate, de rede e de partilha", para que as experiências e resultados de investigação "saiam para a rua", sublinhou.

À semelhança do primeiro congresso, em que foi distinguido com o prémio Carreira Carlos Amaral Dias, este ano vai ser galardoado José Pinto Gouveia, professor catedrático na Faculdade de Psicologia de Coimbra.

O evento vai decorrer no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.