Hélder Trindade falava aos deputados da Comissão Parlamentar da Saúde sobre o ponto da situação do aproveitamento do plasma português no país.

Segundo o responsável, o concurso para fracionar o plasma (programa que permitirá a transformação deste produto em medicamentos) está a decorrer.

“As firmas, os peritos vão entregar os dossiers a explicar o que vão fazer”, designadamente explicar se têm inativação, que tipo ou se é seguro”, disse.

Perante o “diálogo concorrencial”, o júri reúne-se e já sabe o que a indústria tem para oferecer, acrescentou, considerando que este processo está a ser “absolutamente transparente e diferente de tudo o que foi feito até agora”.

Segundo Hélder Trindade, este programa completa o trabalho que o instituto fez ao longo dos últimos anos, seguindo-se à inativação do plasma português para transfusões, que já é feita desde o final de 2014.

Faltava ainda o tratamento do plasma remanescente como matéria-prima para a produção de medicamentos derivados do plasma, para o que foi lançado um concurso que está a correr, do qual deverá resultar a empresa que irá fracionar o plasma, a começar pelos 30 mil litros que o IPST tem colhidos e conservados.

No entanto, “se se chegar a setembro e as empresas começarem a fazer perguntas e perguntas com má fé, não vamos cumprir prazos”, alertou.

“O que nós vamos pedir é: para rentabilizar ao máximo o plasma que temos, o que é que nos vão dar?”, sublinhou.

Trata-se de 120 mil unidades, que irão dar 30 mil litros, é o mínimo para que o plasma dê mais valias, disse.

“Quanto maior a quantidade que eu der para fracionar, mais barato me sairá”, acrescentou.

Hélder Trindade referiu ainda que o IPST enviou ofícios aos hospitais a saber quanto é que gastam de plasma inativado e que nem todos responderam, mas o número final “foi qualquer coisa como 10 mil unidades”.

Entretanto, o Bloco de Esquerda requereu hoje a audição do presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Cunha Ribeiro, sobre a “inutilização do plasma em Portugal”, pedido que foi chumbado pelos partidos da maioria (PSD e CDS).

“Atendendo à gravidade das notícias que têm vindo a público, o Bloco de Esquerda entende que, em nome da transparência e do esclarecimento cabal desta situação, se deve ouvir, no âmbito deste processo, o presidente da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro”, lê-se no requerimento do BE.

Para o Bloco, este chumbo impede “que sejam prestados os esclarecimentos necessários sobre a questão da utilização de plasma em Portugal”.