2 de julho de 2013 - 12h52
As concentrações de ozono ultrapassaram na última semana 27 vezes o limiar que obriga a informar a população porque tem consequências para a saúde, mas os portugueses não foram avisados, alertou hoje a Quercus.
E a situação de passagem dos limiares deverá repetir-se nos próximos dias, devido à previsão de temperaturas elevadas, salientou Mafalda Sousa, da associação ambientalista à agência Lusa.
"Desde terça-feira, 25 de junho, ocorreram 27 excedências ao limiar para informação ao público, um nível para o qual as entidades que fazem a gestão da qualidade do ar são obrigadas a comunicar às populações porque este poluente, o ozono, tem consequências para a saúde", referiu.
Em comunicado, a Quercus aponta que as condições meteorológicas "levaram a que fossem ultrapassados todos os dias desde então, e várias vezes, o limiar de informação ao público da concentração de ozono nas Áreas Metropolitanas de Lisboa Norte, Lisboa Sul e Setúbal".
A Quercus "exige uma melhor articulação entre as entidades regionais do Ministério do Ambiente, a proteção civil e a comunicação social, uma vez que os avisos não estão a chegar às populações expostas a elevadas concentrações de poluentes".
"No fim de semana não houve emissão de qualquer aviso pela CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] de Lisboa e Vale do Tejo e [neste período] ocorreram nove ultrapassagens", frisou Mafalda Sousa.
Quando há previsão de levadas temperaturas, céu limpo e intensa radiação solar "há sempre previsão de aumento de concentração de ozono que poderá ultrapassar este limiar de informação ao público", uma obrigação estipulada na legislação comunitária e nacional que cabe às CCDR, esclareceu.
Mafalda Sousa referiu ainda que, nas últimas semanas, "apenas se verificaram na zona de Lisboa e Vale do Tejo as ultrapassagens ao limiar de informação, o que é um pouco estranho porque também a região norte em outros anos, no mesmo período de verão, apresenta ultrapassagens".
"Não sabemos se será um problema técnico, em termos de funcionamento das estações, ou de comunicação de dados para os orgãos de comunicação social e para as autoridades de saúde", disse ainda a técnica da Quercus.
Perigoso para a saúde
O ozono é um poluente secundário que se forma a partir de outros, emitidos sobretudo pelo tráfego rodoviário, como os óxidos de azoto e compostos orgânicos voláteis, formação muito condicionada pela forte radiação solar e pelas elevadas temperaturas.
As ultrapassagens aos limiares de informação e de alerta têm um curto período, entre uma e algumas horas. Os efeitos na saúde da exposição a curto prazo ao ozono passam por danos nos pulmões, aumento da tosse e maior propabilidade de ataques de asma para as pessoas mais sensíveis, crianças, idosos e doentes respiratórios.
As precauções aconselhadas são permanecer em casa ou em locais fechados e evitar qualquer atividade física intensa.
SAPO Saúde com Lusa