17 de janeiro de 2013 - 15h35
Dois cirurgiões portugueses dos hospitais de S. João, do Porto, e da Guarda desenvolveram uma técnica cirúrgica para tratamento de hérnias inguinais - que surgem na zona da virilha - que permite realizar do dobro das intervenções, com menos dores e mais satisfação do doente.
Augusto Lourenço, cirurgião no Hospital de Guarda, e Rui Soares da Costa afirmam que este procedimento cirúrgico está a despertar o interesse de especialistas internacionais e está já a ser implementado em alguns hospitais europeus.
A investigação desta técnica, designada “Onstep”, iniciou-se há cerca de sete anos e culminou na criação de uma nova prótese que despertou o interesse da maior multinacional desta área.
Desde 2012 que cirurgiões de toda a Europa (Dinamarca, Suécia, Finlândia, Alemanha, Áustria, Suíça, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Grécia e Portugal) se têm deslocado ao Centro Hospitalar de S. João para se familiarizarem com esta nova intervenção cirúrgica.
“Já vieram cá cerca de 40 e virão pelo menos outros 40 até maio”, disse Rui Soares da Costa, salientando que “num hospital de Copenhaga, em seis meses, realizaram cerca de 100 intervenções, o que diz da importância que passou a ter este sistema”.
De acordo com o estudo já realizado em quase mil doentes ao longo destes anos, esta técnica “apresenta melhores resultados quanto à dor pós-operatória e crónica, complicações precoces e tardias, recorrências, menor tempo operatório, menor tempo de internamento, menor tempo necessário de retoma ao trabalho e maior grau de satisfação do que os outros métodos utilizados”, explicaram.
“O aumento do número destas cirurgias é de tal forma notório que as listas de espera caíram drasticamente. Em 11 meses reduzimos a lista de espera em cerca de 60%”, frisou Rui Soares da Costa.
O problema com a hérnia inguinal, que surge na zona da virilha, é cerca de quatro vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres. Em Portugal realizam-se cerca de 17 mil procedimentos cirúrgicos anuais por hérnia inguinal, sendo uma das cirurgias mais realizadas no nosso país.
SAPO Saúde com Lusa