"Até agora, nos artigos científicos de paleontologia, sempre se assumiu que o 'complexo flocular' é grande em alguns animais para que possam ser ágeis. Depois de analisar muitos crânios, chegámos à conclusão de que não se pode tirar essa conclusão", afirmou à agência Lusa Rui Castanhinha, um dos autores portugueses.

Para o paleontólogo, a investigação, que resulta da tese de mestrado de Sérgio Cardoso, "vai fazer reescrever vários artigos científicos".

A comunidade científica acreditava que o facto de a cavidade do crânio onde se teria alojado essa parte da coordenação dos 'músculos oculomotores' (que controlam o movimento dos olhos) ser maior, faria deles animais com maior capacidade de perceção visual, permitindo uma maior coordenação dos movimentos.

Equipa multidisciplinar

A equipa composta por paleontólogos, biólogos, físicos e engenheiros analisou crânios de animais vertebrados atuais e fósseis, tais como dinossauros, aves, mamíferos e até o sinapsídeo 'Niassodon mfumukasi' (descoberto em Moçambique), um antepassado próximo da linhagem dos mamíferos com 250 milhões de anos, anterior aos primeiros dinossauros.

Da análise resultaram exceções à regra, como, por exemplo, as toupeiras, que apresentam fossas floculares grandes, apesar de serem praticamente cegas e pouco ágeis.

10 partes do corpo sem as quais podemos viver

Entre os animais atuais estudados, os cientistas encontraram cerebelos de tamanhos diversos e sem qualquer relação com a sua agilidade, dieta ou mesmo a sua ecologia.

"Não há correlação entre o tamanho desta estrutura neuronal e o comportamento, os hábitos e o ambiente dos animais", concluiu.

Na investigação internacional colaboraram o Museu da Lourinhã, o Instituto Superior Técnico e o Instituto Gulbenkian de Ciência, bem como diversas instituições internacionais sediadas na Alemanha, França e Escócia.