Os resultados dos testes coordenados pelo Instituto Australiano do Melanoma, em Sydney, mostram a eficácia do tratamento ao impedir a propagação do cancro em pacientes com o terceiro estádio de doença.

"Os resultados dos testes clínicos sugerem que podemos travar o avanço da doença, impedindo de forma eficaz que se propague" para outros órgãos, afirmou a diretora do instituto, Georgina Long, no estudo publicado no periódico "New England Journal of Medicine".

"O nosso objetivo final é tornar o melanoma num problema crónico e não numa doença letal e isso está agora mais perto", completou.

Uma em cada três pessoas com cancro sofre um tipo de doença maligna na pele, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A Austrália tem a maior incidência de melanomas do mundo.

Embora 90% dos pacientes sejam curados quando o tumor é extirpado, os demais 10% arriscam a propagação da doença quando esta é detetada de forma tardia. "Estes resultados vão mudar a forma como tratamos os pacientes com melanoma e também a sua qualidade de vida", disse Long, cita a agência France Presse.

Dois tratamentos eficazes

Os cientistas realizaram dois testes de 12 meses de duração, um baseado em imunoterapia e o outro numa combinação de medicamentos. Ambos demonstram eficácia a evitar a propagação da doença.

Um dos tratamentos, com a terapia combinada de dabrafenib e trametinib, conseguiu bloquear a ação de um gene específico, o BRAF, que é um agente condutor do melanoma.

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Esta técnica não apenas impediu a recidiva em pacientes com um melanoma de fase III, cujos tumores haviam sido extirpados, como também aumentou a taxa de sobrevivência, mostrou o estudo.

O outro tratamento, que utilizou imunoterapia com nivolumab, ou ipilimumab, fez o sistema imunitário atacar as células do melanoma. Os resultados mostraram que os pacientes tratados com nivolumab apresentaram um índice menor de recidiva.

"Os testes clínicos mostram que agora temos as ferramentas para impedir que o melanoma se propague e avance, o que até então era uma vantagem crítica do comportamento da doença, sobre a qual não tínhamos nenhum controlo", acrescentou Long.

Os resultados dos testes clínicos serão apresentados esta semana no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, em Espanha.