Cerca de um milhão de pessoas, essencialmente beneficiários do complemento solidário para idosos, serão afetadas pela suspensão do reembolso direto aos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), disse à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.

“Há quase um milhão de pessoas que beneficia do complemento solidário para idosos e são estas que têm acesso diretamente a este tipo de comparticipação de prótese dentária”, afirmou Orlando Monteiro da Silva.

Revelando que “acima dos 65 anos mais de 50 por cento dos idosos (…) são desdentados totais”, o bastonário indicou que grande parte das pessoas afetadas “não tem capacidade económica” para aceder a este tipo de tratamento.

“Para além da poupança em termos de custos na comparticipação há que pensar nas consequências. As consequências são de saúde geral e de sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde [SNS], por um lado, e são consequências também em termos do impacto que isto tem na saúde das pessoas desdentadas”, prosseguiu.

Segundo Orlando Monteiro da Silva, os desdentados totais são pessoas com “uma verdadeira deficiência” e, até agora, os beneficiários do complemento solidário para idosos tinham direito a uma comparticipação de “400 euros de dois em dois anos” para colocação de próteses.
“São pessoas que obviamente não vão ter possibilidade de outra forma de ter acesso a uma reabilitação básica deste género e vão sobrecarregar o SNS de outra forma com problemas mastigatórios, problemas de imagem, de estima, de interação social, de isolamento, emagrecimento”, considerou.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, “será terceiro mundista que Portugal volte a ser um país de desdentados, nomeadamente entre as pessoas mais idosas que são as que mais sofrem neste tipo de situação”.

“É uma medida que aparentemente vem poupar, que vem cortar custos, mas que vai trazer um custo acrescido a curto/ médio prazo, porque um desdentado total que não consegue mastigar corretamente os alimentos vai ter problemas de saúde geral e [perante] esses problemas, vai procurar o SNS para os resolver”, concluiu.

Lusa

11 de agosto de 2011