Em Portugal, a iniciativa, que decorre entre os dias 21 e 28 de novembro, é promovida pelo GAT - Grupo Português de Ativistas sobre Tratamento de VIH/SIDA, que pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce da infeção pelo VIH e incentivar os portugueses a realizarem o teste.

Dados da organização da iniciativa referem que 30 a 50% das pessoas que vivem na Europa não sabem que são VIH positivo e metade destas pessoas são diagnosticadas tardiamente, adiando o acesso ao tratamento.

“Tendo em conta que em Portugal e noutros países as pessoas chegam demasiado tarde ao tratamento, houve esta necessidade de criar uma semana europeia do teste VIH para que as pessoas percebam não só a importância de fazer o teste, mas também desmistificar um bocadinho as questões à volta do teste”, disse hoje à agência Lusa o diretor-executivo do GAT, Ricardo Fernandes.

O objetivo é que “todas as pessoas, independentemente do tipo de comportamento que têm, de risco ou não, possam fazer o teste para saber o seu estatuto serológico”, mas também conter a epidemia do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).

“Muitas das pessoas não sabem que se o diagnóstico for precoce, os tratamentos disponíveis permitem que a pessoa tenha uma vida muito longa e com bastante qualidade”, elucidou Ricardo Fernandes.

Os dados da organização estimam que em Portugal existam entre 38 mil e 62 mil pessoas infetadas, o que faz com que o país tenha uma das prevalências mais altas de toda a Europa (entre os 0,7 e o 0,9 %).

Os utilizadores de drogas injetáveis são o grupo mais afetado, com uma taxa da infeção pelo VIH de cerca de 9,2%, devendo-se em parte “ao declínio na distribuição de agulhas esterilizadas e à hepatite C”.

Ricardo Fernandes salientou o papel das equipas de rua durante o período em que as farmácias deixaram de distribuir seringas: “foram as grandes responsáveis por manter um número de distribuição de material de injeção substancial”.

Existem outras comunidades muito vulneráveis ao VIH, como os homens que têm relação com homens, os migrantes e os trabalhadores do sexo.

Segundo dados da organização, a prevalência do VIH entre os trabalhadores do sexo é estimada em 9%, fazendo de Portugal um dos cinco países da União Europeia com uma das taxas mais altas de infeção entre este grupo.

Para promover a realização do teste “anónimo, gratuito e confidencial”, o GAT conta com a parceria de 30 instituições. “Vai haver uma panóplia de sítios onde as pessoas vão poder fazer os testes, recolher informação e obter os resultados na altura”, salientou Ricardo Fernandes.

Os profissionais de saúde deverão aconselhar o teste a todas as pessoas que possam ter sido expostas ao VIH, que tenham sido diagnosticadas com outras doenças sexualmente transmissíveis, com hepatite C, tuberculose e que apresentem sinais ou sintomas da infeção por VIH.