O relatório "Portugal - Doenças Respiratórias em Números 2014", do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, da Direção Geral da Saúde (DGS), que vai ser hoje apresentado em Lisboa, refere que “o número de utentes ativos com o diagnóstico de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é muito baixo” ao nível dos cuidados de saúde primários.

Em 2013, existiam 101.028 utentes inscritos ativos em cuidados de saúde primários com diagnóstico de DPOC e apenas 8.799 com a doença confirmada por espirometria, o exame que avalia a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade com que o faz.

“A baixa percentagem de diagnósticos de DPOC baseados na realização de uma espirometria aponta para uma fraca adesão às Normas de Orientação Clínica (NOC), muito provavelmente decorrente da ausência de acessibilidade à espirometria nos cuidados de saúde primários”, lê-se no documento.

Os autores referem que “o número de pessoas inscritas que já efetuaram uma espirometria, no contexto do diagnóstico de DPOC, tem vindo a aumentar substancialmente, mais do que triplicando de 2011 para 2013: de 2.879 para 8.799.

Contudo, alertam, “o valor absoluto reportado é ainda muito baixo, continuando a evidenciar uma fraca acessibilidade à espirometria nos cuidados de saúde primários”.

Segundo o relatório, da globalidade dos internamentos de causa respiratória (com exclusão das neoplasias respiratórias e dos internamentos por síndrome de apneia do sono) no ano passado, 13,5% deveram-se à DPOC.

O relatório indica que o decréscimo consistente dos internamentos por DPOC, a partir de 2009, foi interrompido por um excesso de internamentos ocorridos em 2012, aparentemente atribuídos à virulência do vírus influenza A (H3) associada a uma baixa cobertura vacinal (43,4%) na respetiva época vacinal.

Na análise regional comparativa dos anos 2012 e 2013, no que concerne aos episódios de internamento associados à DPOC, constata-se um aumento do número de internamentos no último ano.

Este aumento é “particularmente acentuado nas regiões de saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, o que, associado a um decréscimo de internamentos com diagnóstico principal de DPOC, leva a concluir pela existência de mais diagnósticos secundários de DPOC”.

Os autores do documento sublinham que uma percentagem elevada desses internamentos (26 por cento em 2013) “corresponde a um segundo episódio, sugerindo um risco aumentado de reinternamento”.

“Uma elevada taxa de segundos episódios de internamento hospitalar associados à asma e DPOC, respetivamente de 13 e 26% em 2013, também poderá refletir uma deficiente integração entre cuidados de saúde primários e hospitalares”, lê-se no relatório.